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DIAP realiza balanço das eleições municipais deste ano


24/10/2024

 

 

As eleições municipais realizadas no último domingo, 06/10, transcorreram de forma democrática e pacífica, apesar da expectativa de intensa polarização política. O resultado revelou um país mais conservador e destacou o papel decisivo do centro político na definição dos rumos para 2026. O PSD foi o partido que mais elegeu prefeitos no primeiro turno, com 877 eleitos, registrando um aumento de 35% em relação ao pleito anterior. Pela primeira vez em 20 anos, o MDB não liderou esse ranking, mas ficou em segundo lugar, com 846 prefeituras, representando um crescimento de 8% em comparação a 2020.
 
 
Na terceira posição, o Progressistas conquistou 743 prefeituras, seguido pelo União Brasil, que elegeu 589 prefeitos. Juntos, PSD, MDB, PP e União Brasil somaram mais de 3.000 prefeitos, o que corresponde a mais da metade dos municípios brasileiros. O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, alcançou 509 prefeituras, representando um crescimento de 49% em comparação às eleições de 2020. Já o PT, partido do presidente Lula, que vinha em declínio desde 2016, apresentou um aumento de 39% e conquistou 248 prefeituras. Em contrapartida, o PSDB sofreu uma queda de 47%, elegendo 269 prefeitos.
 
 
A vitória do "Centrão" e da direita foi confirmada nas urnas, mas também houve um movimento de fragmentação e migração dentro desses grupos, especialmente com o declínio do PSDB e Cidadania em nível nacional. Esses partidos, que têm afinidade ideológica, destacam-se pela quantidade de registros no TSE e pela rápida adaptação às mudanças políticas. Por outro lado, a esquerda e a centro-esquerda, lideradas pelo crescimento de PSB e PT, mostraram otimismo. Este grupo, que inclui ainda PDT, PCdoB, PV, REDE e PSOL, enfrentará grandes desafios nos próximos anos.
 
 
TENDÊNCIAS
1. O "Congressismo" saiu fortalecido, favorecendo a ampliação das bancadas federais em um cenário de um presidencialismo enfraquecido. Após diversas crises, o centro político se mostrou mais dinâmico, consolidando uma postura pragmática. O Centrão, que perdeu força em 2018, conseguiu se recuperar nas legislaturas de 2022;
 
 
2. As eleições municipais sugerem uma baixa renovação na Câmara dos Deputados, enquanto no Senado há uma tendência de inclinação à direita, com os atuais senadores em vantagem para reeleição e potencial de ampliação das bancadas federais, o que pode influenciar as futuras candidaturas à presidência;
 
 
3. Três blocos principais emergiram das eleições, sendo dois deles determinantes para o futuro da política nacional: 1) PSD, MDB e União Brasil (UB); 2) PL, PP e Republicanos (REP); e 3) PT/PCdoB/PV, PSB, PDT, PSOL e REDE. Juntos, os dois primeiros blocos governarão 3.758 dos 5.570 municípios, ou seja, cerca de 70%, e ainda têm potencial de crescimento no segundo turno;
 
 
4. A predominância do Centrão e da direita foi confirmada nas eleições municipais. O voto se mostrou mais volátil no centro/direita, mas também houve crescimento da esquerda. O PSD ultrapassou o MDB em número de prefeitos eleitos, ambos se destacando ao conquistar um terço das prefeituras. O PP e o UB ocuparam a terceira e quarta posições, enquanto o PL assegurou seu protagonismo na direita;
 
 
5. O cenário favoreceu a continuidade, em vez de renovação, com a polarização Lula x Bolsonaro atenuada pela ausência do presidente. Cerca de 80% dos prefeitos que buscaram reeleição foram bem-sucedidos, tanto nas capitais quanto no interior, onde se observou um recorde de reeleições. Nas capitais, dos 11 prefeitos eleitos no primeiro turno, 10 foram reeleitos, com a única exceção em Teresina (PI). Em outras 15 capitais, a decisão ficou para o segundo turno;
 
 
6. A influência dos recursos do fundo eleitoral e do orçamento secreto, ampliados desde 2019, foi fundamental, especialmente no apoio à reeleição e eleição de candidatos experientes nos municípios, respaldados pelo suporte financeiro dos mandatos federais;
 
 
7. A participação dos parlamentares, mesmo com poucos registros de candidaturas diretas, foi intensa. Muitos se dedicaram ativamente às campanhas municipais, inclusive com licenças temporárias de seus mandatos e redução das atividades no Congresso Nacional;
 
 
8. O PT e a esquerda estão passando por uma reestruturação. O PSB liderou o grupo com um aumento no número de prefeituras, enquanto PDT, PCdoB e PV enfrentaram uma redução em relação a 2020. No segundo turno, a esquerda disputa em quatro capitais e outros municípios. Apesar de melhorar em número de eleitos, a esquerda perdeu em cidades mais populosas e optou por formar alianças para lidar com o cenário complexo herdado das eleições gerais de
2022;
 
 
9. O PL, PP e Republicanos, que representam a direita, foram vitoriosos nas eleições municipais, especialmente em cidades maiores. Esses partidos contaram com uma estrutura robusta, mas ainda enfrentam desafios como a fragmentação interna e a falta de um nome claro para liderar a ala conservadora; 10. As eleições municipais são um termômetro importante para as eleições nacionais, mas exigem uma análise cuidadosa, considerando as especificidades regionais e a relação ideológica entre os partidos e o eleitorado. Com suas estruturas, esses partidos podem organizar melhor suas bases em torno de agendas liberais e conservadoras;
 
 
 
 
Fonte: DIAP
 
 
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