A dica é procurar as psicólogas, falar o que a aflige, pedir ajuda e saber que o acompanhamento terapêutico melhora e muito a vida de qualquer pessoa
Quem sofre calado por causa de atribulações mentais quase nunca busca ajuda por conta própria. Medo de represália da chefia, falta de confiança na profissional e incapacidade financeira para pagar o tratamento são alguns dos motivos. Mas, na maioria das vezes, a própria pessoa não se reconhece estar doente e que precisa de apoio especializado.
Temas como esses foram discutidos na roda de conversa sobre saúde mental realizada dia 1º de outubro com as psicólogas que atendem à categoria no Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região. O encontro foi agendado para encerrar as ações do Setembro Amarelo, mês de conscientização contra o suicídio.
DEPRESSÃO E AFASTAMENTO - O trabalhador da saúde é quem mais se afasta do trabalho por depressão e outras questões relacionadas. Outros cometem suicídio, causando ‘surpresa’ entre os colegas de profissão. Será que esse colega não demonstrou não estar bem? Talvez precisasse de ajuda, mas quem estava ao lado dele fechou os olhos ou nem percebeu.
Muitas atribulações da vida, depressão e falta de orientação e cuidado pode levar ao pior. Por isso é importante falar sobre o assunto. Foi essa a proposta da roda de conversa com as psicólogas. “Infelizmente, poucos colegas atenderam ao convite e participaram”, disse a presidente do Sindicato da SaúdeJaú, Edna Alves.
“A terapia é para as pessoas que querem resolver seus problemas e ter uma qualidade de vida. O pessoal da saúde cuida muito de todo mundo e pouco de si próprio”, comentou a psicóloga Lara Gibin, ressaltando que buscar uma terapia é para pessoas que têm coragem de enfrentar seus medos.
A psicóloga Suzane de Souza Carvalho falou que muitos pacientes chegam ao consultório e já comentam que não são “loucos”. Esse é um preconceito que afasta pessoas do tratamento. Ela disse que há também o medo de ser descoberto pela chefia e sofrer represália por estar fazendo terapia. “Temem perder o emprego”, conta. Mas aponta que a terapia faz justamente o contrário, por que ajuda a fortalecer o lado psicológico, melhorando sua vida profissional e pessoal.
MEDICAMENTOS - A psicóloga Rosana Rodrigues falou sobre o tratamento que concilia terapia com psicóloga e acompanhamento psiquiátrico. Um complementa o outro. Segundo ela, pode ser necessária uma medicação para auxiliar a cura do paciente. “Mas é importante dizer que a medicação psiquiátrica é difícil de ser ajustada, as vezes demora”, mas garante que depois que o médico acerta o remédio e o paciente aceita o tratamento correto, ele pode ficar bem em pouco tempo.
Todas são unânimes em dizer que o hábito do trabalhador da saúde se automedicar está errado. Nem sempre o remédio que tranquiliza uma pessoa ou o que alivia os sintomas de outra serve para os demais.
Esse “mascaramento” é prejudicial. Leva a pessoa a só buscar ajuda quando já não aguenta mais os problemas e isso afeta os colegas e familiares que ela se relaciona. A demora em iniciar o tratamento repercute numa demora ainda maior para que o tratamento tenha êxito.
Por fim, Lara, Rosana e Suzane recomendam que a pessoa pratique o autoconhecimento, saiba os limites do corpo e entenda as mudanças no organismo. A dica é procurar as profissionais, falar o que a aflige, pedir ajuda e saber que o acompanhamento terapêutico melhora e muito a vida de qualquer pessoa.
Atendimento inicial gratuito - Hoje, o Sindicato da SaúdeJaú mantém em sua sede, na rua Sete de Setembro, uma clínica de atendimento psicológico com as profissionais Lara Gibin e Rosana Rodrigues e Suzane de Souza Carvalho, que desenvolve o projeto Cuidar e Tratar na Base com atendimentos a trabalhadores da área em Bariri.