por Ricardo Patah - presidente da UGT
A quem realmente interessam as bets? Essas plataformas de apostas, assim como os jogos de azar tradicionais — cassinos, jogo do bicho, e outras modalidades — representam um verdadeiro câncer social e econômico para o Brasil. Elas não podem ser vistas como mera recreação ou entretenimento, mas como um vício que está destruindo a vida de milhares de homens e mulheres.
As apostas online, liberadas no Brasil desde 2018, têm causado um impacto devastador, levando cidadãos à ruína. São relatos crescentes de pessoas que perderam tudo: casa, carro, emprego e, em muitos casos, até suas famílias. Isso não pode ser encarado como algo normal ou inofensivo. Assim como enfrentamos a proliferação das cracolândias nas capitais do país, fruto de uma pandemia de crack que abala nossa sociedade há décadas, é inadmissível que agora, além desse problema gigantesco, estejamos criando mais uma armadilha para nossa população.
O vício em jogatina é tão destrutivo quanto qualquer outra dependência química. Assim como o álcool e o fumo, as apostas devem ser tratadas com extrema cautela, com regras claras sobre sua propaganda e uso. No entanto, desde a sua liberação, o poder público falhou em regulamentar adequadamente essa atividade. Não há mecanismos de proteção para os consumidores, e as plataformas de apostas continuam atuando livremente, sem qualquer preocupação com os danos que causam.
Além disso, essas plataformas têm sido amplamente utilizadas para lavagem de dinheiro de milícias e do crime organizado. Sem um controle rigoroso, elas se tornaram um prato cheio para criminosos que se aproveitam da tecnologia para mascarar suas atividades ilícitas. Enquanto isso, as polícias e autoridades lutam para acompanhar essa realidade, sempre um passo atrás dos avanços tecnológicos usados por esses grupos.
É urgente que o poder público trate as bets com a seriedade que a situação exige. Não podemos permitir que essa atividade continue destruindo vidas, causando dependência e sendo utilizada por criminosos para lavar dinheiro. A falta de regulamentação é um descaso com a população. Assim como há regras rígidas para o álcool e o tabaco, o mesmo deve ser feito para as apostas.
As bets, em sua forma atual, não trazem benefício algum para o Brasil. Elas precisam ser combatidas, reguladas e, se necessário, extirpadas do nosso sistema econômico e social. O futuro do país não pode ser jogado aos dados da ganância e da irresponsabilidade.