Morto segunda-feira, aos 96 anos, Antônio Delfim Neto foi também deputado Constituinte, eleito pelo PDS paulista.
A página 592 do livro “Quem foi quem na Constituinte”, publicado pelo Diap (Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar), traz sua votação “nas questões de interesse dos trabalhadores”. Ele recebeu 0,5% no primeiro turno da Assembleia e zero no segundo, acumulando média de 0,25%.
O professor da USP votou contra a extensão da licença-maternidade, a implantação da licença-paternidade e a proteção à empresa nacional. Para Sarney, deu mandato de cinco anos.
Arrocho – Ministro forte na ditadura (exceto no mandato do general Geisel, que tinha restrições à postura política e à íntima do colaborador), Delfim Neto foi uma espécie de apóstolo do arrocho salarial. Sob seu comando, a inflação chegou a 239% ao ano. Ele só teve uma ideia econômica própria em toda a vida: “fazer o bolo crescer pra depois distribuí-lo”.
Comentário – O livro do Diap comenta: “Votou contra o direito de iniciativa popular no processo legislativo, contra o voto aos 16 anos, contra a licença-maternidade, contra a reforma agrária, contra tabelar os juros, contra a proteção da empresa nacional, contra a licença paternidade e a favor de cinco anos para Sarney. É coerente com seu modelo de sociedade e com suas convicções políticas e ideológicas”.
Sob sua cortante ironia e frases feitas, que alegravam o jornalismo áulico, o professor da USP escondia sua notória limitação frente às grandes questões da Economia.
Fonte: Agência Sindical