Na edição de junho do “Boletim de Conjuntura”, o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) apontou que, de janeiro a abril desse ano, 86,1% das negociações salariais tiveram ganhos acima da inflação medida pelo INPC-IBGE.
O resultado, segundo o levantamento é superior ao observado em 2023, quando 77% das negociações tiveram ganhos reais. Ainda segundo o boletim De Olho nas Negociações, também produzido pelo DIEESE, 10,8% das negociações em 2024 conquistaram resultados iguais ao INPC-IBGE e apenas 3,2% tiveram perdas reais.
“No conjunto dos reajustes, o aumento real médio das negociações foi de 1,89%. Esses resultados condizem com um mercado de trabalho aquecido, com crescimento do emprego, elevação do salário mínimo e reforço da atuação dos sindicatos nas negociações, o que cria pressão para o aumento dos salários”, aponta o estudo.
O cenário político também colabora para o fortalecimento das entidades que atuam em defesa dos trabalhadores, de acordo com o boletim. “A vitória do presidente Lula foi de suma importância para frear os ímpetos da extrema direita no Brasil, que tanto avançou com Jair Bolsonaro. Porém, longe de ser suficiente, como mostram as duras derrotas dos trabalhadores no Congresso Nacional e em alguns estados, a continuidade da luta cotidiana se faz necessária”, conclama o DIEESE.
Retrocesso
O boletim apontou também casos em que avanços anteriormente conquistados foram colocados em cheque, como o caso da privatização da Sabesp em São Paulo. Segundo o DIEESE a ação promovida pelo governo de Tarcísio de Freitas vai na “contramão de diversos países que tiveram que reestatizar esse tipo de serviço devido à má qualidade de gestão pelo setor privado”.
O estudo fala também sobre o Paraná, onde um projeto do governo, já aprovado pela Assembleia Legislativa, tenta privatizar a gestão das escolas públicas. “Cumpre destacar que o episódio contou com duas situações claras sobre as dificuldades da classe trabalhadora: o governo do estado solicitou a prisão da presidente do sindicato dos professores, em clara prática antissindical, e utilizou do aparato estatal para divulgação de mensagens contrárias ao movimento grevista, reforçando a prática antissindical e desrespeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais)”, cita o DIEESE.
Fonte: UGT com Dieese