Ainda é pequeno o número de jovens recém-saído dos cursos técnicos e dos bancos da faculdade que buscam o sindicato da categoria em busca de conhecimento sobre o mercado e trabalho e sobre seus direitos. Mas é visível que o cenário está mudando, especialmente quando se fala na categoria da saúde. Hoje, quase 20% dos sócios do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região têm menos de 30 anos de idade.
O tema “juventude sindical” foi debatido na reunião do dia 12 de abril na sede do Sindicato da SaúdeJaú, no encontro da diretoria regional com a Federação Paulista de Saúde. O presidente Edison Laércio de Oliveira falou que “o sindicato é o melhor porto seguro para o trabalhador e quando ele entende isso as coisas mudam para melhor”.
O sindicalista tem larga experiência no movimento sindical, tendo presidido o Sinsaúde de Campinas por muitos anos. Edison Oliveira ressalta que o jovem precisa ver o trabalho como um bem estar coletivo, entender que é no sindicato que ele pode buscar a verdade sobre seus direitos e recorrer sempre, não apenas quando leva ‘bordoadas’ do patrão no ambiente de trabalho.
A presidente do Sindicato da Saúde de Jaú, Edna Alves, diz que o caminho para se aproximar dos jovens começa com diálogos nas escolas que oferecem cursos técnicos de enfermagem. “Essa moçada é carente de informação sobre os direitos trabalhistas, precisa de esclarecimentos sobre como encarar o ambiente do trabalho.” São jovens que entram no mercado e enfrentam chefia despreparada e que usa da pressão psicológica e do assédio moral para se impor.
Chegam informações que profissionais novos não têm conhecimento para questionarem chefia e gestores sobre procedimentos, jornadas de trabalho, escalas, férias e folgas, período de descanso e outras questões que afetam o dia a dia de todos eles. O Sindicato da Saúde está de portas abertas para receberem estudantes, estagiários ou recém-formados. Inclusive aceitando-os como sócios.
Em Jaú, cerca de dois terços dos associados (67%) ao sindicato estão na faixa etária de 30 a 50 anos, mas já é visível a presença de muitos jovens no quadro social. A cada quatro sócios, um tem até 34 anos de idade. Por outro lado, o Sindicato da SaúdeJaú tem cerca de 15% de filiados com 50 anos ou mais. Destaque para os 4% com mais de 60 anos, alguns deles com idade acima de 80 e ainda filiados ao sindicato.
JUVENTUDE NO SINDICATO – “O movimento sindical precisa ser reinventado para essa juventude. Nada mais justo do que essa juventude vir para dentro dos sindicatos. Os dirigentes devem conhecer esses jovens e saber quais as necessidades. Nós temos um número de jovens dentro da área da saúde que sequer sabe o sindicato a que pertence, Então, nossa ideia é que as diretorias busquem junto aos jovens a conversa, a discussão, saber da sua dificuldade. É interessante que eles vejam os sindicatos e conheçam os sindicatos”, comentou o presidente da Federação, que tem percorrido as bases por todo o Estado.
Por dentro do Sindicato da Saúde de Jaú
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Faixa etária
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Total de sócios
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Até 30 anos de idade
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18%
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De 30 a 40 anos de idade
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34%
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De 40 a 50 anos de idade
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33%
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De 50 a 60 anos de idade
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11%
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De 60 a 70 anos de idade
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3%
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De 70 a 80+ anos de idade
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1%
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Obs:
25% dos sócios têm até 34 anos de idade
Dois terços dos associados estão na faixa etária entre 30 a 50 anos de idade
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NÚMEROS NACIONAIS – A Pesquisa Nacional de Sindicatos do DIEESE de 2021 aponta que a taxa de sindicalização entre os jovens de 15 a 24 anos é de 10,4%, enquanto entre os trabalhadores com mais de 55 anos, a taxa chega a 22,1%.
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022 fornece informações sobre o número de pessoas ocupadas por faixa etária e o total de sindicalizados. Em 2022, a taxa de sindicalização para os jovens de 15 a 24 anos era de 8,7%, entre 25 e 34 anos era de 11,3%, entre 35 e 44 anos era de 13,2%, entre 45 e 54 anos era de 15,1%, entre 55 e 64 anos era de 19,2% e para aqueles com 65 anos ou mais, a taxa era de 22,3%.
JUVENTUDE: realidade diferente e individualismo
Existem diversas razões pelas quais os jovens, em geral até 30 anos, tendem a se associar menos aos sindicatos em comparação com as gerações mais velhas. Uma delas é que vivem numa estabilidade inflacionária, sentindo menos perdas salariais do que a geração dos anos 80 e 90.
Os jovens “curtem” hoje de benefícios que a geração anterior não tinham e que só conquistaram graças à luta ao lado do sindicato, como jornada de trabalho especial (36 horas semanais em vez das 44 previstas na CLT), adicional de insalubridade, adicional noturno de 40%, piso salarial, cesta básica ou vale-alimentação e outros.
É importante ressaltar que nem todos os jovens se recusam a se associar aos sindicatos. Existem muitos jovens que reconhecem a importância da ação coletiva para defender seus direitos e lutam por melhores condições de trabalho. O desafio para os sindicatos é encontrar maneiras de se conectar com essa geração e oferecer soluções que sejam relevantes para suas necessidades e expectativas.
Mudanças no mercado de trabalho:
- Precariedade:A flexibilização das leis trabalhistas e o aumento do trabalho informal geraram contratos mais precários, com menos garantias e direitos. Isso pode levar os jovens a questionarem a relevância dos sindicatos, que tradicionalmente se concentram na defesa dos direitos dos trabalhadores formais.
- Desconexão com as demandas:Alguns jovens sentem que os sindicatos não representam suas necessidades e demandas específicas, como melhores oportunidades de carreira, desenvolvimento profissional e equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
- Falta de conhecimento:Muitos jovens não possuem informações suficientes sobre o papel dos sindicatos e os benefícios que podem oferecer. Isso pode ser devido à falta de educação sindical nas escolas e à dificuldade de acesso à informação de forma clara e acessível.
Características da geração:
- Individualismo:A geração atual tende a ser mais individualista e autônoma, valorizando a liberdade e a responsabilidade individual. Isso pode levar alguns jovens a questionarem a necessidade de se unir a um coletivo para defender seus direitos.
- Tecnologia:O uso frequente de mídias sociais e plataformas online pode levar os jovens a buscarem soluções para seus problemas de forma individualizada e instantânea, desconsiderando a ação coletiva e a longo prazo que os sindicatos propõem.
- Desconfiança nas instituições:A baixa confiança nas instituições tradicionais, como sindicatos e partidos políticos, também pode contribuir para o desinteresse dos jovens em se associar a essas entidades.
Apesar dos desafios, os sindicatos ainda podem ser relevantes para os jovens:
- Adaptando-se às novas realidades:É fundamental que os sindicatos se adaptem às mudanças no mercado de trabalho e às características da nova geração, oferecendo serviços e benefícios que atendam às suas necessidades e demandas específicas.
- Melhorando a comunicação:A comunicação com os jovens precisa ser mais clara, acessível e utilizar canais que essa geração frequenta, como redes sociais e plataformas online.
- Promovendo o engajamento:É importante criar oportunidades para que os jovens participem ativamente das atividades dos sindicatos, se sintam parte da comunidade e entendam o valor da ação coletiva.
- Representando a diversidade:A liderança dos sindicatos precisa ser mais diversa, com maior representatividade de jovens, mulheres e minorias, para que as demandas e perspectivas de diferentes grupos sejam consideradas.
(Fonte: internet, Google/Gemini)