As declarações do presidente Lula (PT) de que os trabalhadores não querem mais ficar presos à CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) reverberam o discurso que incentiva um pseudoempreendedorismo sem direitos, precário e indigno, afirma o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Antonio Neto.
As falas ocorreram durante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia no Palácio do Planalto nesta quinta-feira (7). Na ocasião, ele disse que "os trabalhadores gostariam de ter a oportunidade de ter uma forma de trabalho que lhe desse garantia sem precisar estar na CLT".
Em nota, Antonio Neto diz que a CSB recebeu com perplexidade a fala de Lula e afirma que, ainda que seja uma sinalização para o mercado financeiro e setores conservadores, é uma indicação muito negativa para o movimento sindical.
"Esperamos que o presidente não esqueça que enquanto o mercado financeiro e os setores conservadores abraçavam o governo antidemocrático e genocida, o movimento sindical e os trabalhadores garantiram a sua vitória nas ruas do Brasil", indica o texto.
Para a central, generalizar a ideia de que os trabalhadores não querem o trabalho formal com carteira assinada "é reproduzir o discurso perpetuado nos últimos anos que tão mal fez à classe trabalhadora: a falsa dicotomia de direitos vs. emprego".
A nota afirma que se parcela dos trabalhadores se sente prejudicada pela CLT é pela "omissão do Congresso e do governo", pela falta de atualização da tabela de IRPF (Imposto de Renda Pessoa Física) e pela não revogação da reforma trabalhista, além da manutenção de uma jornada de trabalho de 44 horas.
"Ao reproduzir essa fala, mesmo que seja no caso dos trabalhadores em aplicativos, o presidente vocaciona o discurso que incentiva um pseudoempreendedorismo sem direitos, precário e indigno."
Confira a nota na íntegra
Fonte: Folha de São Paulo - 08/03/2024