Quando o trabalhador brasileiro vai ao mercado ele tem uma certeza: o dinheiro está comprando menos. E não poderia ser diferente. Com a inflação dos últimos 10 anos, o salário teria de dobrar para manter o nível de compra que existia em 2013.
A matéria divulgada pelo portal G1, nesta terça-feira (23), explica que a inflação dos produtos, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) quase dobrou (aumento de 88%), entre 2013 e 2023.
Em contrapartida, o salário médio do brasileiro ficou praticamente estagnado. A PNAD (Pesquisa Nacional de Amostras por Domincílios) aponta que, no mesmo período, a média anual dos salários teve apenas 3% de aumento.
O resultado dessa matemática desigual é a queda pela metade do poder de compra dos brasileiros. E para uma grande parcela da população isso significa o empobrecimento, a piora na qualidade de vida e o fim de direitos básicos.
Os dados da Síntese de Indicadores Sociais 2023, pesquisa do IBGE que traça um perfil das condições de vida da população brasileira, apontaram que em 2022, 60% dos brasileiros vivam com apenas um salário mínimo por mês.
A queda no poder aquisitivo tem impacto no mercado, mas também no aluguel, nos gastos com o transporte, saúde e outras despesas pessoais. Alguns desses itens tiveram um aumento bem maior do que a inflação.
Aumento da desigualdade
A desvalorização dos salários é um plano bem orquestrado pelos empresários e governos dentro da lógica capitalista. Os trabalhadores tem recebido menos, para que os donos de empresas possam lucrar mais.
Assim atingimos um nível recorde de desigualdade, como apontou o relatório da Oxfam divulgado na última semana. Em todo o mundo, quase 800 milhões de trabalhadores viram seus salários ficar abaixo da inflação.
Nos últimos dois anos, a soma de tudo que os trabalhadores perderam nos salários chegou a 1,5 trilhão de dólares. Isso é o equivalente a um mês de trabalho para cada trabalhador e trabalhadora.
Ataque às leis trabalhistas
Para derrubar o nível de compra da classe trabalhadora, os empresários tiveram a ajuda dos governos, que no último período promoveram inúmeros ataques às leis trabalhistas e cerceando a liberdade sindical, assim como o direito de se manifestar.
No Brasil, embora os trabalhadores com carteira assinada estejam em vantagem frente à massa de informais que domina o mercado de trabalho, o contrato pela CLT sofre os efeitos da reforma trabalhista, aprovada em 2017, e novos ataques do governo Bolsonaro.
É preciso ir à luta
As lutas contra o aumento nas passagens de ônibus, ou contra as privatizações de serviços públicos, bem como as que exigem melhores salários e moradia digna estão todas conectadas ao contexto de empobrecimento dos trabalhadores.
A CSP-Conlutas defende que os trabalhadores devem ser protagonistas da luta para mudar esta situação. Na Argentina, por exemplo, uma greve geral marcada para a quarta-feira (24), será parte importante da luta contra os ataques do presidente Javier Milei.
No Brasil, para que essa luta ocorra é preciso independência de classe para travar batalhas contra quaisquer governos. Esta é a lição para um 2024 que ainda se inicia e que promete muita luta para os trabalhadores.
Fonte: CSP-Conlutas - 23/01/2024