Com o impacto da doença na saúde mental das mulheres, a especialista em diversidade Renata Torres explica como as empresas podem atuar para tornar o ambiente corporativo mais inclusivo
Desde os anos 1990, a campanha "Outubro Rosa" vem promovendo a conscientização da população em todo o mundo sobre o câncer de mama, mas a luta contra a doença ainda é uma batalha constante que teve altos e baixos durante todo este período. Para 2023, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estimou um aumento nos índices da doença que totalizaria 73.610 casos de câncer de mama até o final deste ano.
Além das consequências físicas, a notícia do diagnóstico da doença também tem um grande impacto na saúde mental das mulheres. Segundo um estudo realizado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) em colaboração com o INCA e publicado na Revista Brasileira de Cancerologia, após receberem o diagnóstico, as mulheres perceberam um aumento nos sintomas de ansiedade, de 20%, antes da notícia, para 40% após elas saberem que estavam com câncer de mama. O mesmo efeito ocorreu em relação a sintomas de depressão, presentes em 15% das mulheres antes do diagnóstico e 30% após, e de estresse, que passaram de 30% para 50%.
"O medo da doença, por si só, gera uma perturbação emocional, por isso a importância da informação e da conscientização sobre o que é o câncer de mama e como tratar, para desmitificar a doença e mostrar a importância do diagnóstico precoce", explica Renata Torres, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.
A especialista lembra ainda: "uma pesquisa recente do Datafolha revela que o conhecimento sobre o câncer de mama é muito menor entre mulheres pretas e pardas do que entre mulheres brancas. Mas a doença não discrimina, ela afeta mulheres de todas as raças, idades, origens e orientações", enfatiza a especialista.
Com todos os fatores, físicos e psicológicos, que afetam a mulher com essa condição, seus índices de produtividade no trabalho também podem ser afetados. O preconceito e a angústia resultantes da doença podem e devem ser combatidos com o apoio das organizações, segundo Renata. "As empresas podem realizar campanhas internas para conscientizar as pessoas colaboradoras, oferecer exames de mamografia para as funcionárias, proporcionar apoio psicológico para as pessoas que porventura estejam passando por um tratamento, e, ainda, patrocinar eventos e iniciativas dedicadas a trazer informação sobre o Outubro Rosa", ressalta.
Para a especialista, essas são as organizações que se destacam, por oferecerem um ambiente saudável e inclusivo para as pessoas colaboradoras. "Uma empresa pode fazer muito mais do que aumentar a participação de mulheres em seu quadro colaborativo, ela pode fazer a diferença na vida e na saúde dessas mulheres", conclui.