Diretoria diz em reunião com trabalhadores e Sindicato que injustiça por pagar menos a funcionários antigos vai continuar
A mesma conversa levada pelo Hospital Thereza Perlatti ao Ministério Público do Trabalho em 15 de agosto foi repetida na reunião desta quarta-feira (6/09) diante dos trabalhadores e do Sindicato da SaúdeJaú: falta dinheiro para corrigir os salários dos funcionários antigos e a injustiça financeira vai continuar por tempo indeterminado. A revolta dos trabalhadores da saúde é grande e pode desencadear numa greve em breve.
O hospital "tira dinheiro" do bolso dos trabalhadores e diz que tem "gratidão" por eles serem tão bonzinhos a ponto de ajudar a pagar as contas do hospital. Ao não pagar mensalmente de R$ 400 a R$ 600 a cerca de 200 funcionários, o hospital faz caixa para custear outras despesas da instituição, Ou seja, o trabalhador paga do próprio bolso para continuar trabalhando.
GREVE - "Sem reajuste salarial há anos, o trabalhador fica mais pobre a cada dia. O trabalhador não é dono de hospital e muito menos voluntário, por isso precisa ter seus direitos respeitados: receber o devido salário em dia", diz a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região.
Ela se refere à situação de que funcionários recém-contratados recebem mais do que funcionários experientes e que trabalham há anos no Hospital Perlatti. Isso ocorre porque o hospital deixou de aplicar os índices de correção salarial das últimas quatro convenções coletivas. Ao mesmo tempo em que contrata novos trabalhadores pelos salários atualizados.
Edna Alves diz que os funcionários estão revoltados e dispostos a cruzar os braços para pressionar a direção a corrigir os salários dentro do que prevê a legislação. "Não tem como esperar tanto. O trabalhador está perdendo dinheiro todo mês. Talvez uma greve force o Hospital Perlatti a achar uma saída. Se a categoria decidir parar, vamos dar todo o apoio."
Outro prejuízo aos trabalhadores é que o salário sem correção afeta a aposentadoria futura de todos eles.
VOTO DE CONFIANÇA – Os administradores do hospital, por meio do presidente Antonio Aparecido Rossi, pede "um voto de confiança" dos trabalhadores à diretoria e diz que sente "gratidão" por ter funcionários tão compreensivos a ponto de continuarem trabalhando e cuidando de pacientes mesmo sendo injustiçados na questão financeira.
Aliás, Rossi diz que o Hospital Perlatti se preocupa primeiro com os pacientes e depois com os funcionários. Disse ainda que a direção do hospital tem trabalhador para preservar os empregos e manter o hospital aberto. Alegou que recebe menos do SUS e dos convênios com os governos do que realmente custa cada paciente.
DEVO, NÃO NEGO - "Se pagar (salários corrigidos) agora para todos, vai faltar dinheiro no fim do ano", disse o presidente Antonio Rossi. Ele espera que o repasse do governo federal para complementar o Piso Nacional da Enfermagem ajude o hospital a colocar em dia o atraso no reajuste, No entanto, a direção não tem ideia de quanto recurso vai receber.
Segundo ele, nos novos contratos de prestação de serviço com o governo está vindo menos dinheiro para pagar funcionários. Lembrou que tem R$ 4 milhões a receber do governo paulista, valor que o Estado não reconhece.' Disse ainda aos funcionários que a situação do hospital tende a melhorar só no ano que vem.
SAIBA MAIS - Diante da prática discriminatória e persistente do Hospital Perlatti de promover a desigualdade salarial entre seus funcionários, o Sindicato fez denúncia ao MPT, O hospital contraria a Constituição e a CLT ao contratar novos funcionários pelo salário de ingresso atualizado e manter sem reajuste há anos os salários dos funcionários mais antigos.
Criou-se uma defasagem muita grande entre o que o trabalhador recebe hoje e o que está previsto legalmente. Assim, não segue o preceito da isonomia salarial previsto na Constituição e discrimina trabalhadores que exercem funções iguais, mas são remunerados de forma desigual.
https://jaumais.com.br/noticias/ver/07-09-2023/hospital-perlatti-tira-dinheiro-do-bolso-do-funcion%C3%A1rio-e-fala-em-gratid%C3%A3o