Para o ex-ministro da Saúde Arthur Chioro, atual presidente da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH ), ligada ao Ministério da Educação (MEC), as novas regras do programa Mais Médicos, relançado nesta segunda-feira (20) pelo governo Lula, vai estimular “um novo perfil de profissionais médicos comprometidos com a saúde da população. Os que fazem a atenção básica (da saúde) por paixão e porque gostam”.
“E isso vai ser muito bom para a saúde da população brasileira”, completou o médico sanitarista e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Chioro foi entrevistado pela jornalista Marilu Cabañas na edição desta quarta (22) do Jornal Brasil Atual.
De acordo com o ex-ministro, mesmo a presença de profissionais estrangeiros não deve se repetir da mesma forma como foi a dos médicos cubanos, que na primeira edição do programa garantiram atendimento nos recantos do país.
Como resultado da inclusão de vários direitos e benefícios à nova versão do Mais Médicos, Chioro acredita brasileiros formados em Medicina no país deverão ser a grande maioria dos recrutados pelo governo. “Um novo perfil de profissionais médicos, comprometidos com a saúde da população.”
“Tem um conjunto de medidas (que deverão estimular a adesão de profissionais médicos brasileiros ao programa)”, disse o ex-ministro. “Desde, por exemplo, mais tempo que o médico poderá participar do programa; pontuação para a residência que ele quiser fazer depois; a oferta de mestrado, doutorado e especialização pelo Mais Médico; um abatimento muito considerável da bolsa do Fies, particularmente para jovens médicos e médicas que fazem a faculdade e vêm de famílias humildes”, destacou.
À frente da EBSERH desde o início do novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o sanitarista explicou também que outro desafio de sua gestão será fazer com que os 41 hospitais universitários do país atualmente administrados pelo órgão, se integrem ao Sistema Único de Saúde (SUS) formando uma rede de profissionais da área com qualidade e pesquisa em saúde pública.
Os hospitais universitários
As dificuldades, no entanto, ainda são grandes, em razão do desmonte da estrutura do SUS em geral sob os governos anteriores de Michel Temer (MDB) e, sobretudo, de Jair Bolsonaro (PL). Nos últimos quatro anos, por exemplo, a EBSERH esteve vinculado ao Ministério da Economia, do então ministro Paulo Guedes que, tinha como meta, a sua privatização.
“Agora a gente vai poder resgatar o caráter público, aproveitando os modernos mecanismos de gestão para quem sabe inaugurar um novo tempo na gestão dos hospitais universitários federais brasileiros. Se eles integrarem para valer o SUS, eles são parte da solução, porque vários deles são referências em suas regiões”, observou.
“Esse tripé ensino, assistência e pesquisa é da essência dessa instituição que estou presidindo. E já estamos trabalhando de forma integrada não apenas com os reitores das universidades via MEC, mas também com o Ministério da Saúde (…) São 41 hospitais e vamos ter a entrada, muito provavelmente, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) com mais nove hospitais. Então vamos chegar a 50 hospitais. É a maior rede hospitalar do país, entre pública e privada. Isso é uma potência do ponto de vista do que pode ser feito”, destacou otimista Arthur Chioro.
Fonte: Rede Brasil Atual