O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, Adilson Araújo, criticou o novo valor do salário mínimo anunciado pelo presidente Lula, de R$ 1.320 a partir de maio, abaixo do requerido pela CTB e as demais entidades sindicais, que defendiam o valor de R$ 1.343.
“Isso fere as expectativas do movimento sindical. Não dá para silenciar diante dos fatos e nós não devemos nos calar. Primeiro que os R$ 1.320 contradizem aquilo que nós sugerimos em manifesto do Fórum Unitário das Centrais. Ainda que nós não tivéssemos a possibilidade de recuperar todo o prejuízo causado pelo governo Bolsonaro, quando sugerimos R$ 1.343, nós estávamos considerando que pelo menos repor a inflação e a variação do PIB dos últimos dois anos seria necessário para inagurar aquilo que o governo propôs. O salário mínimo vigente no Brasil está anos-luz de distância do que deveria ser, com base no cálculo do Dieese (R$ 6.641,58). Temos que considerar o estágio de profunda desigualdade em que estamos, com uma realidade que assusta a milhões de famílias, dada a insegurança alimentar e o flagelo social. É urgente que o governo tome para si essa bandeira fundamental que foi utilizada como moeda forte na campanha”, rememorou o dirigente.
De acordo com Adilson, o governo tem de lembrar que a valorização do piso salarial está entre as principais reivindicações populares que ajudaram na vitória eleitoral de Lula. “Elas foram alicerçadas na sua proposta de valorizar o salário mínino, corrigir a tabela do Imposto de Renda e promover uma mudança na desastrosa política econômica de juros altos, inflação incontrolável e um câmbio que não vem ajudando na reindustrialização do país. Bom lembrar que 54% do salário mínimo volta para o caixa do governo na forma de tributos. Melhorar o salário mínimo tem repercussão direta nos acordos salariais, nas aposentadorias e pensões e está em consonância com todo o apelo que motivou a maioria do povo brasileiro a apoiar o projeto de reconstrução e transformação do pais”, cobrou Araújo.
O presidente da CTB pontuou que, agora, a prioridade é focar nas discussões do grupo de trabalho e manter a pressão popular sobre o governo. “Nós não abrimos mão da retomada da Política de Valorização do Salário Mínimo, que vai impactar de forma positiva diretamente na vida de 60 milhões de pessoas. Está dado que, sem pressão, nós não vamos conseguir quebrar as amarrras impostas pelo mercado financeiro que, a pretexto de uma suposta instabilidade fiscal, aposta todas as fichas para que o governo não faça nem mesmo medidas que venham a dar efetividade ao seu projeto mudancista, com foco a melhorar a qualidade de vida e propiciar um Brasil mais próspero e humano. Por isso, nós seguimos comprometidos em estabelecer o diálogo”, comentou o dirigente.
A criação do grupo de discussões sobre a Política de Valorização do Salário Mínimo foi confirmada no último dia 18 de janeiro, quando o chefe do Executivo se reuniu com cerca de 500 sindicalistas de todo o país em Brasília. Interrompida em 2019, sob Bolsonaro, a mesa foi a responsável por garantir um aumento real de 77%, o maior incremento das últimas cinco décadas durante as gestões anteriores de Lula.
Reinstalado no atual governo, o colegiado é formado pelos ministérios do Trabalho e Emprego, da Fazenda, do Planejamento e Orçamento, da Previdência Social, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, e a Secretaria-Geral e Casa Civil da Presidência. Segundo Lula, as centrais sindicais serão “ouvidas” na construção do projeto.
Fonte: Portal CTB - 16/02/2023