O sindicalismo brasileiro está vivendo um momento melhor, tem um governo federal que dialoga com o movimento para tratar de assuntos importantes dos trabalhadores brasileiros, mas uma questão precisa ser tratada com importância, sindicalização e conscientização da classe operária.
Em artigo recente de Clemente Ganz Lúcio, mostra que os países membros da OCDE tiveram uma queda na densidade sindical nas últimas quatro décadas, “passando em média de 33% em 1975 para 16% em 2018”.
Clemente destaca hipóteses que o estudo indicou para a queda na sindicalização: globalização, as mudanças demográficas na força de trabalho, a desindustrialização e o encolhimento do setor manufatureiro, a queda dos empregos no setor público e a disseminação de formas flexíveis de contratos.
Mesmo com todas essas mudanças no mundo do trabalho, o sindicato ainda é a melhor forma de organização da classe trabalhadora na conquista de melhores condições de trabalho, mas para isso, o fortalecimento das entidades sindicais é necessário.
“O Sindicato é forte, representativo e necessário para a organização da classe trabalhadora. Não existe democracia sem sindicatos fortes e muitas vezes os sindicatos são fortes pelo número de associados que têm”, falou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges Júnior.
A fala de Moisés traz uma questão importante. Sindicato forte precisa ter o trabalhador atuante na vida da entidade sindical. Eles são a alma do sindicalismo.
O principal desafio para o movimento é fazer o trabalhador ter consciência que o sindicato não é uma mera entidade, mas sim, uma importante ferramenta de luta do trabalho contra o capital.
Sérgio Nobre, presidente nacional da CUT, afirma que o trabalhador só vai ter conquistas se estiver organizado no sindicato. “Ele precisa ter consciência de que se quiser ser um cidadão que influencia os destinos do país, ele tem que se organizar e participar das organizações e quem constrói a organização mais forte é o sindicato”.
Os sindicatos com força do trabalhador se tornarão mais fortes para conseguir reivindicar melhores condições de trabalho e aumento salarial, mas é necessário também uma conscientização da classe trabalhadora sobre o quão importante é estar unido.
O presidente da Fequimfar (Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo), Sérgio Luiz Leite, diz que a ação sindical para conscientizar o trabalhador da importância do sindicato é diária. “Cada dia mais temos uma sociedade que, muitas vezes, privilegia o interesse individual em relação ao interesse coletivo; portanto, nosso papel é mostrar para categoria todo o trabalho sindical frente às negociações coletivas e na construção de Convenções Coletivas de Trabalho, por exemplo.” Ele continua: “Nesse aspecto o movimento sindical precisa dar um passo adiante melhorando a sua comunicação com os trabalhadores, marketing sindical e redes sociais.”
Paulo Chitolina, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Canoas e Nova Santa Rita-RS em recente artigo que fala sobre o movimento na categoria para mobilizar os trabalhadores a participar do sindicato. A campanha teve o resultado de 670 trabalhadores e trabalhadoras sendo inseridos na luta sindical.
O sindicato trabalhou outra questão que é desmistificar a ideia de que o trabalhador “não gosta” do sindicato. “A recepção em todas as empresas foi satisfatória e evidenciada nos números da sindicalização. A abordagem durante a entrada ou saída dos turnos, de forma específica em uma campanha de sindicalização, foi um momento rico para o esclarecimento das dúvidas. Para muitos trabalhadores, a presença do Sindicato na porta da empresa bastou para se sindicalizar”, escreveu Paulo.
O movimento sindical está no momento certo para realizar uma grande luta na base e se tornar mais forte e defender os trabalhadores brasileiros.
Fonte: Redação Mundo Sindical - Manoel Paulo - 09/02/2023