A Federação Brasileira de Hospitais (FBH) enviou uma circular, nesta quarta-feira, às associações estaduais pedindo que encaminhem com urgência uma orientação aos 4.200 hospitais filiados para que não alterem o valor pago aos profissionais de enfermagem. Dessa forma, os hospitais não começariam a adotar em setembro para adotar o novo piso da categoria, aprovado por meio de uma emenda constitucional no mês passado pelo Congresso.
Segundo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, 80% dos hospitais não vão pagar o piso nacional de enfermagem em setembro, desrespeitando a nova legislação. A estimativa é da CNSaúde, que reúne 90 sindicatos patronais do setor de saúde.
O setor hospitalar aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) que contesta nova legislação aprovada no Congresso que estabeleceu o piso da enfermagem em R$ 4.750. A federação alerta para o risco de os hospitais adotarem o novo piso e ficarem impedidos de retirá-lo se for suspenso pelo STF.
No texto, a FBH destaca que "a Constituição Federal e a CLT preveem a irredutibilidade salarial. Portanto, se houver alteração na folha de pagamento, os valores terão de ser mantidos, independentemente da decisão do STF."
A circular ainda orienta que os gestores não entrem em polêmica nas redes e se manifestem via associação representativa do setor.
A nova legislação que estabeleceu o piso salarial da enfermagem é alvo de debate e de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal (STF) para impedir a sua implementação.
De um lado, entidades de saúde como a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) argumentam que a aprovação sem fontes de custeio para arcar com o reajuste é insustentável para as instituições, particularmente as filantrópicas.
Do outro, órgãos como o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) concordam com a necessidade de medidas compensatórias, mas criticam a ação no STF e a alegação de que não há como pagar os novos salários.
Com a mudança, o piso salarial da categoria no país, que não era estabelecido em âmbito nacional, passa a ser de R$ 4.750 para os enfermeiros, além de 70% desse valor para técnicos e 50% para auxiliares e parteiras.