Com a presença de representantes das centrais sindicais, o ato inter-religioso realizado na manhã deste sábado lotou a Catedral da Sé. O ato foi em homenagem ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips, mortos em uma emboscada no Vale do Javari, no Amazonas, e reuniu representantes de diversas religiões para pedir justiça, democracia e respeito aos direitos dos povos indígenas.
Presente ao evento, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, assegurou que a sociedade precisa dar um basta a escalada de violência que tomou conta do país, principalmente contra os povos indígenas, jornalistas, comunidade LGBT e, mais recentemente, por diferença política, como o assassinato do tesoureiro do PT em Foz dpo Iguaçu por um bolsonarista. Durante o evento, foi lido o manifesto assinado pelas organizações, incluindo as centrais sindicais, convocando a sociedade para dar um "basta" à escalada de violência e ao discurso de ódio .
Em uma mensagem enviada por vídeo, o indígena Beto Marubo, integrante da coordenação da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), convocou a sociedade a refletir sobre a necessidade de que essas mortes “não tenham sido em vão”.
“Não devemos aceitar que pessoas como essas sejam vítimas de uma forma tão cruel e achar que isso é um problema regional. Quero convidar vocês a refletir sobre isso e sairmos do nosso ponto de conforto e atuarmos para que a vida de Bruno Pereira e Dom Phillips tenha valido a pena”, declarou Marubo.
Alessandra Sampaio, esposa do jornalista Dom Phillips, participou do ato e pediu cooperação com as comunidades indígenas como forma de honrar a vida do jornalista e de Bruno. “O que podemos fazer ativamente é conhecer mais sobre a Amazônia, essa riqueza, essa biodiversidade. Só quando se conhece é que se pode proteger e lutar por ela”, pediu.
Para a antropóloga Beatriz Matos, viúva de Bruno, são fundamentais as investigações feitas com o intuito de esclarecer o crime. “Mas acho que justiça é a garantia dos direitos e dos territórios dos povos indígenas, do Vale do Javari e todos os territórios indígenas do país”, defendeu. Ela destacou ainda que, mesmo com a grande repercussão do crime, o clima no Vale do Javari é de insegurança entre indígenas e indigenistas.
O evento contou também com a participação de artistas indígenas e da cantora Daniela Mercury e do cantor Chico César. “Quero registrar aqui algo que considero fundamental que é o rechaço ao Marco Temporal, para que a gente consiga proteger os povos indígenas e acabar com essa insegurança jurídica. Quando eles não têm seus direitos respeitados, todo brasileiro está fragilizado”, disse Daniela Mercury
Fonte: UGT