Crianças de seis meses a quatro anos e trabalhadores da saúde são público alvo na campanha de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS) contra o sarampo. A doença viral é altamente transmissível e pode apresentar complicações, principalmente em crianças menores de um ano de idade. A campanha estende-se até o dia 3 de junho e busca recuperar a imunidade de rebanho do Brasil, que perdeu o certificado de país livre do sarampo, conferido pela OPAS/OMS.
Apesar do Brasil ser referência em vacinação, taxa de imunização infantil regride décadas
A meta é garantir a vacinação de, no mínimo, 95% das crianças para interromper a circulação ativa do vírus. O Brasil é um dos países que oferece o maior número de vacinas de forma gratuita: 15 para crianças, nove para adolescentes e cinco para adultos e idosos, mas os dados recentes revelam uma inversão na tendência histórica de maior aceitação das vacinas no país. A taxa de vacinação infantil regrediu ao patamar de 1987, com o pior nível em três décadas.
Em 2016, o Brasil recebeu o certificado oficial de erradicação do sarampo, graças às vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). No entanto, em 2019 os novos casos acarretaram 10.429 confirmações da doença em todo o país e, no ano passado, dois óbitos foram registrados por crianças menores de um ano.
Para Mayra Gonçalves, coordenadora da Comissão de Atenção à Saúde do Cofen (Ctas/Cofen), um dos motivos do retorno do sarampo foi justamente a boa efetivação das vacinas no passado. “O fato de termos conseguido erradicar algumas doenças antes, com um forte trabalho, deixa as pessoas com a sensação de dúvida em relação à doença e os sintomas no próprio corpo”, afirma.
Outro motivo para a queda desse indicador é o movimento antivacina, causado pelas fake news. Uma a cada cinco fake news que circulam no Brasil fala sobre vacinas, com notícias falsas a respeito de imunizantes, dados estatísticos distorcidos acerca de contágio, óbito, cura e métodos caseiros de prevenção e cura.
O marco da desconfiança internacional sobre vacinas, que ainda reverbera nos dias atuais, aconteceu em 1998, quando o médico Andrew Wakefield apresentou uma pesquisa preliminar, posteriormente despublicada pela revista Lancet, associando a tríplice viral ao autismo. Ao analisar o estudo, foi confirmada, em 2004, a inveracidade da experiência e o conflito de interesses do próprio médico.
O trabalho da Enfermagem é essencial para combater os casos de doença no cotidiano. “O trabalho árduo é de ‘formiguinha’, de um a um, alertando os pais de forma individualizada e observando criteriosamente o cartão de vacinação. A Enfermagem leva conscientização e assegura a saúde e qualidade de vida das crianças no dia a dia”, ressalta Mayra.
Fonte: Ascom – Cofen