"Neste 1º de Maio estamos dando ênfase à necessidade de os sindicatos voltarem às bases e resgatarem o olho no olho, em conversas com as lideranças."
A declaração é do ex-ministro do Trabalho e Previdência Social do governo Fernando Collor de Melo, Antônio Rogério Magri, que esteve nesta terça-feira em Jaú. Ele deu palestra em um curso/treinamento regional denominado "Protagonismo na Prática da Ação Sindical", organizado pela UGT de São Paulo, presidida por Amauri Mortágua.
Magri avalia que a pandemia afastou os dirigentes sindicais das conversas presenciais e que "é hora de recuperar suas narrativas". As redes sociais ajudam na luta sindical "mas são inanimadas, não substituem o contato presencial".
Uma só voz - O ex-ministro também disse que é hora de as lideranças sindicais deixarem de lado a vaidade e se unirem neste primeiro de maio para “terem uma só voz e assim, conseguir a força necessária para garantir os direitos dos trabalhadores”.
Contra Bolsonaro - Magri disse que este primeiro de maio deve servir de reflexão para que o movimento sindical se uma para evitar a reeleição de Jair Bolsonaro “que nunca recebeu um sindicato em Brasília; este governo desconhece o mundo do trabalhador”.
DESEMPREGO E MISÉRIA - Na palestra realizada em Jaú, onde estiveram dirigentes de sindicatos de Jaú (Saúde, Comércio, Bancários) e sindicatos de outras cidades do interior, Antonio Magri falou que a relação de emprego mudou de forma extrema. Citou que há 10 ano ou pouco mais existiam 1 milhão de cortadores de cana no país. Hoje não tem mais. "As máquinas tiraram o emprego desse milhão de trabalhadores".
E questiona: onde estão essas pessoas? Provável que seja aquele trabalhador sem formação, sem, vítimas de um sistema injusto, que vive desempregado ou trabalha em condições de escravidão. Segundo Magri, as pessoas ganham cada vez menos e vão se conformando com isso, por isso, citando um estudioso, em algumas décadas metade da população vai viver sem emprego e sem praticamente nada.
CONGRESSO - Também falou sobre eleição, sobre a falta de representatividade do trabalhador no Senado e na Câmara de Deputados. É lá, diz o ex-ministro, que está o grande problema do trabalhador, onde se tramam reformas e leis que prejudicam a classe. "É preciso votar em quem tem compromisso com a classe operária".
Contou nos dedos os sindicalistas deputados e lembrou que a bancada do agronegócio tem mais de 120 deputados, a bancada do boi outros 80. Os evangélicos são 120 no Congresso e a bancada da bala tem cinco eleitos. Num cenário como esse, toda pauta em defesa dos direitos dos trabalhadores é comprometida e fica relegada às gavetas.