O medo pela aprovação do piso nacional da enfermagem foi um dos motivos que levaram a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) a fazer um ato nacional nesta terça-feira, dia 19 de abril.
A presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região, Edna Alves, lamenta que “apesar de pedir apoio dos funcionários, os hospitais não estão ‘vestindo a camisa’ da luta dos trabalhadores por um salário mais digno e pela aprovação do projeto de lei 2564/20”. Vale lembra que em suas ações, Sindicato, Federação e Centrais Sindicais sempre debatem e vestiram a camisa da defesa do reajuste da Tabela SUS.
ALERTA? - Na mobilização nacional, as Santas Casas citam vários problemas que as afetam, utilizando a palavra “alerta” ao se referir ao projeto do piso nacional. Ou seja, os gestores hospitalares estão em “alerta” contra o projeto que beneficia toda a enfermagem. Edna Alves diz que “muitos trabalhadores da saúde se engajaram no ato nacional sem se darem conta que os gestores os tratam apenas como mão-de-obra barata”.
PALMAS NÃO RESOLVEM -No manifesto da CMB, quando convocaram “gestores e colaboradores” para o ato deste dia 19, os administradores citam que o “impacto da proposta para os hospitais filantrópicos que prestam serviços ao SUS é estimado em R$ 6,3 bilhões”. Falam apenas do “custo” e nunca em “investimento” na categoria da saúde, uma das menos valorizadas do país, apesar das muitas “palmas” na pandemia.
DESESPERO DOS GESTORES - A Confederação das Santas Casas e Filantrópicos diz que não há previsão, no projeto do piso nacional, de uma alternativa para custear os novos salários da enfermagem, em caso de aprovação pelos deputados. A Confederação chega a falar em “sentimento de desespero” do setor filantrópico que seria arcar com os reajustes salariais se o projeto for aprovado.
TABELA SUS e DÍVIDA - Segundo a Confederação das Santas Casas, “outro ponto importante que impacta negativamente nas finanças é a tabela do SUS, que não é reajustada há mais de duas décadas”. Cita o aporte de R$ 2 bilhões emergenciais anunciado pelo governo federal em 2021, mas que nunca chegou às Santas Casas. Diz que a dívida do setor supera R$ 20 milhões.
PORTA FECHADA? - Por fim, no material de divulgação do ato nacional, a CMB garante que “se as Santas Casas quebrarem, o SUS entra em colapso imediatamente”. É o velho discurso de “fechar as portas”, causando medo no cidadão doente que teme ficar sem o mínimo de atendimento médico.
“Desta forma, se não houver políticas imediatas, consistentes, de subsistência para estes hospitais, dificilmente suas portas se manterão abertas e a desassistência da população é fatal”, pontua o presidente da CMB, Mirocles Campos Véras Neto.