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TikTok vira ferramenta de revolta contra a precariedade do trabalho


01/02/2022
 

Nos últimos tempos, a rede social TikTok vem promovendo mudanças no mundo do mercado de trabalho no ocidente, com demissões “online”, conselhos para melhorar o salário ou encorajando as pessoas a examinar se estão realizadas com sua atividade. 

Há uma tendência que ilustra especialmente este fenômeno: gravar seu pedido de demissão e transmiti-lo ao vivo no aplicativo.
 
Esse movimento foi iniciado pela americana Shana Blackwell em outubro de 2020. Na época, a jovem de 19 anos anunciou que estava se demitindo da filial do Walmart em que trabalhava, usando o microfone do supermercado, em um vídeo que se tornou viral.
 
“Danem-se os gerentes, dane-se a empresa! Eu me demito, caramba!”, exclamou, após dois anos insuportáveis, nos quais disse ter sofrido assédio moral.
 
Sem querer, ela acabou lançando uma das maiores tendências da plataforma. Os vídeos com a hashtag #QuitMyJob (“Me demito”, em inglês) acumulam hoje mais de 200 milhões de visualizações.
 
Esses vídeos têm uma repercussão considerável nos Estados Unidos, que vive uma onda de demissões sem precedentes, chamada de “A Grande Demissão”.
 
Essa onda tem a ver com “um forte efeito de imitação”, explicou à AFP Stéphanie Lukasik, professora e pesquisadora em Ciências da Informação e da Comunicação da Universidade de Lorraine, na França.
 
Outros grandes movimentos similares nasceram ou cresceram nas redes sociais, como MeToo, Black Lives Matter e as mobilizações recentes contra as restrições sanitárias, disse Lukasik, enfatizando o efeito “lente de aumento” dessas plataformas.
 
Além dos vídeos de demissão, o tema do trabalho vem ganhando espaço no TikTok, tornando-se, inclusive, um dos mais populares, superando 50 bilhões de visualizações.
 
“A cada mês, mais de um bilhão de usuários de todo o mundo recorrem à plataforma para criar, compartilhar e descobrir vídeos em formato curto sobre temas que lhes interessam, incluindo questões sociais”, assinalou Eric Garandeau, diretor de relações institucionais e públicas do TikTok na França.
 
“Vi muita gente tomando consciência de sua situação profissional graças ao TikTok […]. É ótimo vê-los refletir sobre o significado de seu trabalho em suas vidas”, declarou à AFP a “tiktoker” Karine Trioullier, que tem experiência em recursos humanos e compartilha vídeos sobre o assunto com seus 500 mil seguidores.
 
A plataforma, no entanto, não foi pensada para falar de trabalho. No início, a rede era conhecida por seus vídeos com trechos de versões de músicas e cenas de humor.
 
“Nisso radica o valor deste tipo de rede social digital, que oferece possibilidades, os usuários são livres para se apropriar delas e adaptar seu uso” conforme lhes convêm, analisou Stéphanie Lukasik.
 
 
Sindicato da Saúde Jaú e Região
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