O gerente-geral de medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, declarou, nesta quinta-feira (16), em entrevista à CNN, que os benefícios da vacinação contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11, com imunizante da Pfizer, superam os riscos.
A Anvisa autorizou o uso do imunizante na faixa etária nessa quinta-feira. A decisão acontece após avaliação técnica do pedido submetido pela farmacêutica no dia 12 de novembro.
“Os dados que nós apresentamos hoje, e que subsidiaram nossa decisão, mostram que a situação da Covid e Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG) e síndromes de infecção pediátricas causadas pelo coronavírus são importantes. Não podemos dizer que a Covid não afeta crianças dessa idade. E por isso que é importante uma estratégia de vacinação”, declarou Mendes.
“Por ser uma tecnologia diferente, ou que aparentemente não foi estudada a longo prazo, esses estudos mostram que o desempenho foi bastante satisfatório no que diz respeito a reatogenicidade. Ou seja, no acompanhamento que fizemos, temos que lembrar que 5 milhões de crianças foram vacinadas nos Estados Unidos e também temos vacinação em Israel. Então isso faz que tenhamos uma realidade em que não observamos um perfil de reações que sejam preocupantes. É por isso que os benefícios superam os riscos”, continuou.
O uso emergencial da vacina da Pfizer em crianças de 5 a 11 anos nos Estados Unidos foi autorizado pelo Food and Drug Administration (FDA), órgão semelhante à Anvisa, no dia 29 de outubro. A decisão ocorreu após a votação, por unanimidade, dos conselheiros do FDA, pela recomendação da utilização da vacina formulada com um terço da dose utilizada em pessoas maiores de 12 anos.
A Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) também aprovou o uso do imunizante contra a Covid-19 em crianças. A decisão foi divulgada no dia 25 de novembro.
O início da campanha de imunização de crianças no Brasil será definido pelo Ministério da Saúde, ainda sem previsão de data. As doses para uso pediátrico ainda não estão disponíveis no país.
Não houve casos miocardite e pericardite após a vacinação, explica Mendes
Segundo Mendes, não foram observados casos de miocardite e pericardite, inflamações do músculo cardíaco e do revestimento externo do coração, respectivamente, nas crianças de 5 a 11 anos que foram vacinadas com doses da Pfizer. O gerente-geral explicou que a doença foi observada em crianças mais velhas, e geralmente, do sexo masculino.
“Nos estudos não houve nenhum caso reportado. A gente já sabia pelos dados que estávamos acompanhando de casos nos mais de 200 milhões aplicados nos Estados Unidos, dados de Israel, que a miocardite e a periocardite são eventos raríssimos. Estamos falando de 0,0007%, é algo que não é representativo e que tem a ver com um risco próprio de meninos do sexo masculino pela própria situação e não relacionado a vacinação em si. Nos dados de 5 a 11 anos não temos isso mapeado”, afirmou Mendes.
Fonte: CNN