Nesta última semana, estudando um pouco mais sobre neurociência e a prática do hábito, fui tomado por uma catarse que me fez rever conceitos cotidianos, os quais eram tidos como verdade suprema e não o são. Irei compartilhar isto com vocês agora.
Você já deve ter ouvido várias vezes que é importante ter o hábito de praticar atividade física, se alimentar de forma saudável, dormir cedo, e também que são os hábitos que constroem uma pessoa vitoriosa.
Quando nos aprofundamos um pouco em neurociência, notamos, ao reproduzir um hábito diversas vezes, que temos uma ação de nossos neurônios que é a criação de ligações biológicas entre eles. Dado a repetição do hábito, essa ligação gera um benefício para o nosso corpo, que é um menor gasto de energia para reproduzir essa situação. Então podemos dizer que hábitos são bons? A resposta é sim e não!
Vejamos: se você começa a acordar às 5:30 da manhã, como é meu caso, após um tempo seu corpo irá se acostumar, e acordar em um horário diferente acaba sendo muito difícil até mesmo nos finais de semana. Se começar a correr ou andar de bicicleta, após um tempo isso torna-se rotineiro, e seu corpo acostuma-se com isso, lhe trazendo uma sensação de bem estar, de prazer. Agora observe: sempre ao sair para uma caminhada ou pedalada, você realiza o mesmo percurso, na mesma intensidade, e o resultado é uma sensação de bem estar gigantesca para o corpo, pois as ligações neurais entendem que você está fazendo algo de forma econômica energeticamente, mas, quando o trajeto e ritmo são aumentados, vem a sensação de cansaço, fadiga, pois seu corpo esta fora da zona de conforto. Assim funciona também em relação ao trabalho. Quando fazemos sempre a mesma função, somos “experts”, mas quando surge um desafio novo, começamos a ficar preocupados, ter medo e outras tantas sensações que servem para nosso corpo se preparar para algo novo que ele não sabe quanto será exigido dele.
É neste ponto que vemos que o hábito pode lhe afastar da vitória quando praticado de forma errada. Nossos neurônios gostam de viver nesse método de ordem, ou seja, na zona de conforto, pois, de certa forma, nos deixam com sensação de segurança, e isso faz com que nosso corpo economize energia, pois ele não entra em processo de alerta, e o corpo humano adora economizar energia, pois é uma forma de garantir sua sobrevivência.  
Então, viver no hábito é viver em um momento em que estamos confortáveis. Não existe exigência em cima de hábitos rotineiros, pois o corpo se adapta biologicamente à isso. Sendo assim, nós deixamos de dar o nosso melhor, e essa repetição sistemática do hábito nos traz sempre o mesmo resultado.
Para conseguirmos a tão sonhada vitória, temos que quebrar a forma como os hábitos são praticados, para que nós possamos potencializar cada vez mais nossas habilidades. Temos como exemplo prático disso as seguintes situações: você começa a treinar corrida. Seu corpo se adapta ao treino. O que você deve fazer para melhorar seu desempenho? Mudar a intensidade do treino, o percurso, o terreno, entre outros fatores. Outro exemplo: você começou a fazer jejum para emagrecer. Em determinado ponto, seu corpo se adapta à isso, e você para quebrar o efeito platô, tem que buscar outras técnicas de jejum ou de restrição calórica. Você deve colocar sempre seu corpo em desconforto para conseguir tirar o melhor de você. Você evolui quando busca seu melhor, e descobre que aquele não é o limite.

Prof. Esp. Júlio Cézar da Silva
Administrador - Educador Físico – Filósofo –Mentor de Desenvolvimento Pessoal e Consultor Esportivo
Especialista em: Antropologia, Coaching e Psicologia, Nutrição Esportiva, Nutrição Ortomolecular e Docência do Ensino Superior
Instagram @mestrejuliocezar