Quem se sentiu prejudicado deve procurar o RH para receber a cesta após “justificativa”. Se não receber os alimentos deve recorrer ao Sindicato
Em reunião com o Sindicato da Saúde de Jaú e Região e funcionários na manhã desta quinta-feira, dirigentes do Hospital Thereza Perlatti reconheceram que agiram de forma ilegal ao criar um regulamento interno que contraria a Convenção Coletiva de Trabalho. Prometem rever a regra que tira a cesta básica do trabalhador que faltar um dia no mês – pela legislação somente perde a cesta quem faltar mais de três vezes.
A presidente do Sindicato da Saúde, Edna Alves, disse após a reunião de hoje que o hospital vai chamar os 23 funcionários que ficaram sem a cesta básica para ouvir deles o motivo da ausência. Segundo o hospital, quem justificar vai receber a cesta. O Sindicato orienta a quem não receber a cesta para procurar o nosso Jurídico.
Punição dupla - “Disseram que vão entregar a cesta a quem justificar a falta, mas deveriam cumprir a convenção e só tirar de quem faltou mais de três vezes. Tem funcionários que faltaram um dia e foram punidos duplamente: teve o dia da falta e o DSR descontados e ainda ficou sem a cesta básica. Um absurdo.”
O tesoureiro do hospital, Carlos Eduardo Teixeira, disse que “o hospital não deixou de dar cesta básica para todo mundo, o hospital deixou de dar cesta para 23 que faltaram sem justificativa” Segundo ele, quem se sentiu prejudicado devem procurar a administração.
Gestor explica - O gestor Andrey Negroni disse que o regulamento foi criado para impedir que funcionários faltem sem justificativa e prejudiquem o andamento do trabalho – falou que foi um pedido dos próprios trabalhadores, mas na reunião de hoje, os presentes negaram ter assinado e aprovado qualquer regulamento.
Sobre isso, Edna Alves falou que o hospital está com falta de profissionais, por isso qualquer ausência causa sobrecarga a quem está de plantão. E ainda, que se tiver funcionário que não agrada a gestão, a gestão tem a prerrogativa de demitir. “Não precisa punir os bons funcionários”.
Tesoureiro admite erro - O tesoureiro Carlos Eduardo foi claro ao dizer que o hospital errou ao criar um regulamento contra a lei. “Aconteceu esse fato que está contra a lei. Hoje, a diretoria sabe disso, quando soubemos pelo Jurídico, a gente na hora levantamos o problema e vamos mudar a situação. Vamos trabalhar 100% dentro da lei”, falou. Mas insiste em dizer que não aceita entregar a cesta para todos. “Quem se sentiu prejudicado, com relação à cesta básica, pode procurar a diretoria que vamos resolver caso a caso”
Sem comida - O administrador falou que o hospital não quer prejudicar funcionários, mas foi justamente onde o trabalhador é mais sensível, na fome, que o Hospital Thereza Perlatti atacou: deixou o trabalhador e sua família sem comida na mesa..
No fundo, a decisão foi uma forma de mostrar que o hospital tem poder. Ou seja, prejudica bons trabalhadores para atingir os ruins, O hospital tem a prerrogativa de demitir quem não está a contento do esperado pela empresa, mas não faz porque, segundo o tesoureiro, não tem como pagar a rescisão. Age, nas entrelinhas, para que os funcionários descontentes peçam demissão e percam os direitos.