Além de ter incentivado atos golpistas e com pautas contra a democracia neste 7 de Setembro em Brasília, Jair Bolsonaro falou a seus seguidores na manifestação realizada em Brasília, pela manhã, com um discurso em tom de ameaça. Por um lado, atacou e ameaçou o próprio presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luz Fux. “Ou o chefe desse Poder enquadra os seus ou esse Poder pode sofrer aquilo que não queremos. Porque nós valorizamos e reconhecemos o Poder de cada República. Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, disse.
O pedido de enquadramento é uma referência ao ministro Alexandre de Moraes, que vem tomando medidas duras contra o bolsonarismo e mandando prender baderneiros que ameaçam as instituições e autoridades. O público que compareceu ao ato antidemocrátco foi menor do que esperado por Bolsonaro e o governo, apesar de financiado pelo agronegócio.
Por outro lado, anunciou ao público que se reunirá amanhã (8) com o Conselho da República. Este é um órgão consultivo que tem a seguinte composição: vice-presidente da República, presidente da Câmara dos Deputados, presidente do Senado, líderes da maioria e da minoria na Câmara, líderes da maioria e da minoria no Senado, ministro da Justiça, além de seis cidadãos brasileiros natos, com mais de 35 anos de idade.
“Amanhã estarei no Conselho da República, juntamente com ministros, juntamente com o presidente da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal, com essa fotografia de vocês mostrar para onde nós todos devemos ir”, prometeu. Acontece que, conforme divulgado pela imprensa, nenhum dos chefes dos Poderes parece saber da reunião.
Compete ao Conselho da República pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa e estado de sítio e “questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas”.
As manifestações em Brasília confirmaram o isolamento crescente de Bolsonaro. Além de aparentemente não saberem da tal reunião, tanto Fux como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), foram convidados a participar da cerimônia de hasteamento da bandeira brasileira no Palácio da Alvorada, mas não apareceram. Lira nem estava em Brasília.
“Reviver Hitler”
No Facebook, o jurista Pedro Serrano comentou a “convocação” do chefe de governo. “Bolsonaro disse que convocará o Conselho da República. A manifestação do Conselho é requisito para decretar estado de sitio ou de defesa. Pode vir o golpe na forma ‘old fashioned way’ (à moda antiga, em tradução livre) do estado de exceção. Poderemos reviver Hitler com sua exceção decretada por conta do fogo no Reichstag”, escreveu.
Fonte: Rede Brasil Atual