De acordo com a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados do Santander, Lucimara Malaquias, a condenação milionária imposta ao banco espanhol é “histórica” e “emblemática”. Ela disse que se trata de um vitória “não apenas para os bancários, como também para as demais categorias”. O Santander foi condenado, na semana passada, a pagar indenização de R$ 50 milhões por práticas antissindicais e demissões de trabalhadores durante a pandemia. A ação foi movida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
“Todas as categorias, em alguns momentos, sofrem com ataques e práticas antissindicais. Essa sentença pode contribuir muito com a luta sindical em todo o país, em todas as categorias”, afirmou Lucimara, em entrevista a Marilu Cabañas, para o Jornal Brasil Atual, nesta segunda-feira (2).
Foram mais de 3 mil trabalhadores demitidos durante o ano de 2020. Como agravante, os desligamentos ocorreram pós o banco ter assumido compromisso público de que não realizaria demissões durante a pandemia. A condenação também se refere a ataques a participantes dos planos Cabesp (saúde) e Banesprev (segudidade) e perseguição a dirigentes sindicais.
Pelo menos 40 dirigentes, cipeiros e trabalhadores com estabilidade previdenciária sofreram com reduções salariais de até 55%. “São ataques muito bem orquestrados, com o objetivo de atingir a organização dos trabalhadores no país”, afirmou Lucimara, que também é dirigente do sindicato.
O valor da indenização é equivalente a 1% do lucro líquido obtido pelo banco no primeiro trimestre do ano passado. Em 2020, os ganhos da instituição totalizaram R$ 13,8 bilhões. Para a dirigente, apesar dos “lucros astronômicos”, o Santander não oferece nenhuma “contrapartida social” ao Brasil.
Lucros às custas da exploração
Lucimara destacou que o Santander cobra altas taxas de juros e tarifas, enquanto empurra os clientes para o autoatendimento. Por outro lado, disse que os lucros recordes são obtidos às custas dos direitos dos trabalhadores. Além das demissões e das práticas antissindicais, ela cita o desrespeito à jornada de trabalho a que são submetidos os funcionários do banco, levando ao adoecimento. Outro exemplo da superexploração foi a convocação para que os bancários retornassem ao trabalho presencial, sem que os mesmos estivessem ainda completamente
“Esse lucro é construído em cima de uma porção de direitos que são retirados e desrespeitados a todo momento. Quero mais uma vez destacar que o lucro do Santander onera a sociedade brasileira, quando deveria dar uma contrapartida social para o país, de onde retira a maior parte dos seus lucros. As operações no Brasil respondem por 30% do resultado global do Santander, o que não é pouca coisa”, destacou a dirigente.
O banco pode recorrer da decisão. Ainda assim, Lucimara diz que a sentença deve servir para que a instituição “reflita” sobre sua postura. “E que o banco priorize a negociação coletiva e o diálogo social, valorize as pessoas e coloque os funcionários no centro, como prioridade, e não apenas o lucro a qualquer custo.” A condenação, segundo ela, também deve servir de exemplo para que outras instituições financeiras, e todas as demais empresas evitem incorrer nas mesmas práticas abusivas.
Fonte: Rede Brasil Atual