“Como atualmente a Covid-19 varia desde pessoas assintomáticas até casos que evoluem para morte, as pessoas com sintomas leves também não devem ir aos locais de vacinação”, afirma a especialista, em entrevista à CNN.
Em geral, a contraindicação se aplica às infecções agudas e quadros febris. Mônica Levi explica que o recomendado nesses casos é adiar a vacinação em quatro semanas, para garantir que se encerra a janela de transmissão do vírus e agravamento dos sintomas, bem como para uma recuperação do sistema imunológico.
Fora isso, a boa notícia, conta a diretora da SBim, é que “não há preparo imunológico ou comportamental que se recomende para nenhuma das vacinas [contra Covid-19]”. Da mesma forma, não há nenhuma recomendação do gênero para o período após a injeção.
Mitos
A especialista, que também é presidente da Comissão de Revisão de Calendários Vacinais da SBIm, diz que uma das dúvidas mais comuns em relação à imunização contra Covid-19 é se as pessoas podem fazer exercício físico depois de serem vacinadas.
“O exercício em si não prejudica em nada a imunização, não há limitação. Mas a pessoa pode ter dor local, então fica a cargo dela decidir se quer e pode fazer esforço físico”, afirmou.
Outra questão frequente diz respeito a quem faz tratamento de longa duração com antibióticos, como por exemplo em casos de infecção urinária em que o remédio pode ser indicado por até 21 dias.
“Não estando na fase aguda da infecção, se a pessoa estiver apenas na fase de complemento do tratamento e estiver há mais de 24 horas sem febre – e, claro, não apresentar outros sintomas para Covid-19 – também não há contraindicação”, explicou.
Uma terceira hipótese para a qual ela disse receber consultas é em relação à vacinação antes ou depois das refeições.
“As vacinas em uso no Brasil, tanto a Coronavac quanto a de Oxford, não apresentam interação com alimentação”, disse ela, ressaltando não haver impedimento para o uso dos imunizantes em pessoas que estejam em jejum.
Quem toma vacina pode beber?
Por fim, Levi comentou uma recomendação curiosa feita no fim de 2020 por um diretor do Centro Nacional de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya – que desenvolveu a vacina russa Sputnik V – de que seria recomendado não consumir bebidas alcoólicas por três dias após cada dose da injeção.
“Ainda não sabemos de onde tiraram essa recomendação, se ela vai constar na bula da vacina – a qual ainda não temos acesso –, mas em geral não há contraindicação de bebida alcoólica para casos de vacinação”, disse ela.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) modificou os requisitos para aprovar o uso emergencial de vacinas para Covid-19, desobrigando os laboratórios de conduzir a fase 3 dos experimentos no Brasil.
Com isso, a vacina entrou no radar do Ministério da Saúde, com o secretário-executivo da pasta, Élcio Franco afirmando em ofício que a pasta tem “grande interesse” na compra do medicamento.
“A questão da bebida alcoólica é um mito, não interfere na imunização desde que estejamos falando de consumo socialmente aceito”, disse Levi. “Isso muda, porém, para pessoas que são alcoólatras e podem ter uma imunodeficiência causada pelo consumo crônico de bebida.”
Reações alérgicas
Outra recomendação importante é que pessoas que já desenvolveram reações alérgicas de natureza variada consultem um médico para verificar se algum componente na formulação dos imunizantes pode ser contraindicado.
“Muita gente diz que tem alergia a ovo. Nenhuma das vacinas contra Covid-19 é cultivada em ovo, mas elas têm outros componentes além do antígeno que podem causar um choque anafilático”, explicou Levi.
Fonte: CNN, em São Paulo