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Brasileiros resistem às vacinas chinesa e russa, mostra pesquisa


26/10/2020
 

A população brasileira está menos propensa a receber uma vacina contra o coronavírus que tenha como origem a China, ou seja fruto de uma parceria com laboratórios do país asiático, ou a Rússia. 

A rejeição a um tipo de imunização produzida na China aumenta ainda mais, quando se tratam de brasileiros que aprovam a gestão do presidente Jair Bolsonaro.
 
As conclusões estão presentes em estudo feito pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública, da Unb (Universidade de Brasília). Foram entrevistados 2.771 pessoas no estudo.
 
Também participaram do estudo acadêmicos da Universidade Federal de Goiás, da Universidade Federal do Paraná e da canadense Western University.
 
A vacina chinesa virou alvo de disputa política, envolvendo o governo do presidente Jair Bolsonaro e o governador paulista João Dória (PSDB).
 
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O ápice da disputa aconteceu nesta quarta-feira (21), quando Bolsonaro desautorizou seu ministro Eduardo Pazuello (Saúde), afirmando que não vai comprar a vacina chinesa - um dia após Pazuello anunciar um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida em parceria entre o Instituto Butantan e o laboratório chinês Sinovac.
 
De uma maneira geral, os brasileiros se mostram favorável a receber uma vacina contra a Covid-19. O estudo mostra que 78,1% do total de entrevistados se mostraram favoráveis a receberem algum tipo de imunização - quando não se detalha de qual país será originária a vacina.
 
"Embora não conste no questionário apresentado uma pergunta específica sobre a motivação, é bem razoável supor que os brasileiros consideram que uma ponta para retomar uma vida normal passa pela vacina", afirma Wladimir Gramacho, coordenador do estudo.
 
"Quando ligamos a vacina a um país, por outro lado, acende uma preocupação nos brasileiros. Particularmente em relação à China, por causa da polarização política atual, do fato de que o vírus veio daquele país", completa.
 
O estudo mostra que a intenção em tomar uma vacina contra a Covid-19 se reduz em 16,4% quando se trata de uma vacina que tenha sido desenvolvida na China. ?
 
Dentre as pessoas que consideram o governo Bolsonaro bom ou ótimo, 52,2% afirmaram que há pouca ou nenhuma chance de tomara uma vacina chinesa.
 
Apenas 26,6% dos apoiadores do presidente afirmaram que há muita chance de se vacinarem se a substância for produzida na China.
 
Embora não com os mesmos níveis de rejeição, os brasileiros também mostraram contrários a serem imunizados com uma vacina produzida na Rússia. A intenção de se vacinarem se reduz em 14,1% quando os entrevistados são questionados sobre a possibilidade de tomarem uma imunização proveniente daquele país.
 
Em relação aos que aprovam a gestão do presidente Bolsonaro, 36% afirma que há pouca ou nenhuma chance de se vacinarem com uma vacina russa. Os resultados mostram que 29,3% dos entrevistados afirmam que há muita chance de se vacinarem com uma vacina russa.
 
"Trata-se de uma opinião muito parecida com a do presidente", afirma o coordenador do estudo.
 
Gramacho explica que a explicação pode estar ligada ao fenômeno dos "atalhos cognitivos". Quando as pessoas se encontram diante de uma situação complexa - como a pandemia do novo coronavírus - em que não há tempo ou meios para obter uma informação de qualidade, como compreender estudos científicos, há uma tendência há seguir visões de formadores de opinião ou pessoas influentes.
 
"Por outro lado, o estudo mostra que não faz muita diferença de onde vem a vacina para aqueles que reprovam o governo Bolsonaro. Só diminui um pouco a intenção de se vacinar", explica.
 
Dentre os que consideram o governo ruim ou péssimo, 18% afirmam que há pouca ou nenhuma chance de se vacinarem com a vacina chinesa. O índice fica muito parecido quando questionados a respeito de vacinas russas (19,2%), americanas (15,9%) ou da vacina da universidade de Oxford (16,3%).
 
Após grande pressão de governadores, o Ministério da Saúde anunciou na terça-feira (20) um protocolo de intenções para a compra de 46 milhões de doses da vacina desenvolvida pelo Butantan e a chinesa Sinovac.
 
No dia seguinte, no entanto, Bolsonaro afirmou que não iria comprar a vacina chinesa e afirmou que o brasileiro “não será cobaia de ninguém”.
 
O Ministério da Saúde informou então que houve uma “interpretação equivocada” da fala do ministro Pazuello.
 
Fonte: Folha de SP
 
 
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