Por: Rosana Maria Rodrigues Luiz e Lara Gibbin Felipini
O Brasil é signatário do Plano de Ação em Saúde Mental, lançado em 2013 pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A redução da taxa de mortalidade faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, já que no Brasil cerca de três mil pessoas se suicidam por ano; no mundo a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio.
Sendo assim, setembro se tornou o mês de campanha da prevenção do suicídio - “Setembro Amarelo“ - que visa prevenir o suicídio, conscientizando a população sobre esse tema tão delicado e pouco falado.
Neste ano o mês de Setembro Amarelo necessita de mais atenção, visto que os atendimentos de urgências relacionados à tentativa de suicídio aumentaram significativamente durante a pandemia. As causas podem ser variadas, entre elas: as preocupações, a solidão, a falta de liberdade e as perdas de entes querido ou colegas de trabalho. Isso tudo pode ter contribuído para esse aumento.
Os profissionais da saúde se encontram no grupo de indivíduos mais propensos aos distúrbios mentais, aumentando consideravelmente o risco de suicídio. As condições difíceis de trabalho, o desgaste físico por excesso do mesmo, contato direto com o sofrimento humano, a dor e a tristeza dos outros, ter que reunir forças para enfrentar o processo de morte, atender às exigências dos familiares dos pacientes que estão sob seus cuidados e até mesmo a falta de reconhecimento profissional afetam diretamente esses profissionais. Saber reconhecer os sinais de alerta em si mesmo ou em alguém próximo a você pode ser o primeiro e mais importante passo para a prevenção.
Devemos ficar atentos às mudanças nos comportamentos e verbalizações como: desesperança e preocupação com a sua morte: fala em demasia sobre morte e suicídio.
Isolamento: se isola, não interage, prefere permanecer sozinho, inclusive se isolando de seus familiares.
Mudanças de humor: irritabilidade, ansiedade, pessimismo e sentimento de culpa.
Abuso de álcool ou drogas: essa dependência se faz determinante nas decisões que levam a morte da pessoa.
Medo e angústia
“Um dos principais motivos das tentativas de suicídio é a depressão que precisa ser vista com empatia, pois a pessoa que tenta tirar sua própria vida na verdade não quer acabar com ela, o que ela quer é acabar com a sua dor. E este ano de 2020 está sendo mais preocupante devido à realidade da pandemia e o isolamento social que favoreceram o aumento das tentativas de suicídio. Muitas pessoas estão sofrendo em relação à pandemia, principalmente os profissionais da saúde que vivenciam constantemente e diretamente o sofrimento dos pacientes e de seus familiares, além do medo de ser contaminado ou transmitir o vírus aos seus familiares.“ (psicóloga Rosana Maria Rodrigues Luiz)
Ato de desespero
“O suicídio é algo multifatorial. Uma pessoa se sente com vontade de tirar a própria vida por inúmeros motivos, mas o principal deles é a depressão, que é confundido muitas vezes com uma tristeza passageira, o que não é.
O cérebro de uma pessoa com depressão é um cérebro alterado, alteração tamanha que muitas vezes leva a pessoa a momentos de desespero extremo, como o suicídio. Para quem observa do lado de fora, o suicídio é visto com muito pouca empatia, muitas vezes classificado como uma fraqueza ou até mesmo rebeldia, mas, a realidade é que o suicídio é um ato de desespero.
Neste ano de 2020 pudemos acompanhar na Sindclínica da Saúde e Beleza o aumento das queixas e sintomas relacionados à pandemia. O isolamento, a perda e a pressão sob profissionais da saúde intensificaram o desespero, o medo, a insegurança e a angústia como um todo, mostrando o quanto a saúde mental dos mesmos precisa de um cuidado e suporte reforçado.” (psicóloga Lara Gibin Fellippini)
Medidas preventivas
Algumas medidas que podem ajudar a amenizar a situação: não ficar procurando notícias constantemente sobre o vírus, ouvir músicas, estudar, ler, praticar atividade física, criar momentos de atividades criativas como pintura, danças, brincadeiras em família, conversar com amigos pela internet para evitar a solidão.
Os cuidados devem ser redobrados com quem já sofre de ansiedade e depressão. E quem já está em tratamento psiquiátrico ou psicológico deve continuar seu tratamento, seja com medicamentos ou terapias. Se um familiar ou amigo lhe pedir ajuda, respeite-o, valorize-o, considere o seu sofrimento e estimule-o a procurar tratamento, evitando assim desfechos desastrosos e letais.
Lembrando que devemos ficar constantemente em alertas, não somente no mês de setembro. Ao perceber mudanças nos comportamentos de familiares e amigos devemos orientá-los a procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico.
Rosana e Lara atendem no Sindclínica da Saúde e Beleza do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região. O Sindicato disponibiliza cinco sessões gratuitas para sócios que estejam passando por problemas profissionais. O sindicato oferece ainda uma tabela com preço simbólico para os demais sócios e dependentes. Informe-se: (14) 3622-4131 e www.sindsaudejau.com.br