A tão desejada retomada da economia não depende só do fim da pandemia de coronavírus, o que ainda parece distante. Os indicadores econômicos e sociais mostram a profunda crise que o Brasil está mergulhado e as projeções até o final de 2020 não são animadoras. Diante das circunstâncias, as centrais sindicais brasileiras se uniram e elaboraram uma lista de propostas com o objetivo de proteger o trabalhador, o desempregado, e, ao mesmo tempo, ajudar na retomada da economia. Entre as medidas apresentadas, estão o aumento do número de parcelas do seguro-desemprego, o que já está em discussão no Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador), e a continuidade do auxílio emergencial de R$ 600,00, ambas até o final da pandemia e sem carência para aquisição dos benefícios.
Assinam o documento os líderes da Força Sindical, CUT (Central Única dos Trabalhadores), CCBB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e UGT (União Geral dos Trabalhadores). Também faz parte da lista de reivindicações, a urgente ampliação das medidas de proteção ao emprego nas micro e pequenas empresas, a construção de uma agenda para a retomada da economia e a reorganização do SPTER (Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda) para orientar políticas de formação profissional, intermediação de mão-de-obra, seguro-desemprego e microcrédito para atender as demandas decorrentes da crise sanitária e voltada para operar estratégias de saída e de superação da crise econômica.
São medidas mais que necessárias para manter uma renda mínima para milhões de brasileiros, para que não passem fome, e para organizar a retomada da economia, o que beneficia todas as classes sociais. A lista de reivindicações agora será encaminhada ao Congresso Nacional e ao Governo Federal e vamos cobrar soluções. A flexibilização do isolamento social e a retomada da atividade produtiva, que vem ocorrendo em vários municípios Brasil afora, precisam estar acompanhadas não só de protocolo de segurança sanitária, mas também de um protocolo de segurança de renda para o trabalhador, para os desempregados e de ajuda às empresas.
Sem estas condições, não há como se falar de recuperação da economia num médio prazo porque se perderá uma vasta parcela do mercado consumidor e sem ela a roda da economia não gira. No setor químico, em Bauru e região, as empresas já voltaram ou estão voltando a produzir, mas nossa preocupação é se vai haver demanda nos próximos meses. Se a demanda não se sustentar, mesmo as empresas com caixa para seguir ativas neste momento, correm o risco de falir. E outra grande preocupação imediata é com o trabalhador que perdeu o emprego ou é informal ou ainda já estava desempregado. Atualmente, o trabalhador recebe entre 3 a 5 parcelas do seguro-desemprego, dependendo do tempo trabalhado. Quem ficou desempregado no início da pandemia já não tem mais o que receber. Precisamos ter uma garantia para essas pessoas, para que elas tenham condições de voltar ao mercado de trabalho. É neste sentido que estamos lutando enquanto entidades sindicais.
(Edson Dias Bicalho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas de Bauru e Região e secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo).