São mais de 16 mil mortes no Brasil, mas para uma minoria parece que tanto faz. O Fantástico pergunta: por que é que tem gente que age como se a pandemia não estivesse acontecendo?
No dia em que o Brasil contou 10 mil mortos por coronavírus, um cliente pediu vinho espumante em um restaurante de Gramado, Rio Grande do Sul. As garrafas foram servidas em caprichadas champanheiras. Guiados por um cliente, garçons animados dançam uma coreografia ensaiada. Imitam o meme do caixão, uma piada de gosto duvidoso com enterros africanos, mas que muitos usam por aqui como forma de alertar para os riscos da pandemia. Essa comemoração em público, debochando da morte em tempos de Covid-19, chocou muita gente. A direção do bar pediu desculpas.
Em Araucária, perto de Curitiba, o empresário Danir Garbossa, insiste em entrar no supermercado sem usar máscara, obrigatória na cidade. Ele agride um funcionário e arruma confusão com o segurança. A arma do vigia dispara duas vezes. Uma bala atinge o empresário de raspão. A outra acaba no pescoço da funcionária Sandra Ribeiro, de 45 anos. Ela morreu. Danir vai responder por três acusações, incluindo o homicídio qualificado de Sandra.
Por que tem gente que não consegue exercer a empatia em plena pandemia? A neurocientista Cláudia Feitosa-Santana acha que negar a gravidade da doença pode ser uma defesa encontrada por algumas pessoas que não conseguem encarar o peso da pandemia: “em geral nos seres humanos o que acontece com a gente? Quando vem uma dificuldade muito grande, ou o anúncio da morte de alguém que morre muito querido, qual é nossa primeira reação? É negar, isso não é verdade”.
A empatia, sozinha, pode não resolver nossos problemas. Mas andar com os sapatos alheios, se colocar no lugar do outro, buscar o diálogo, tudo isso pode reforçar aquilo que a emergência, a ameaça e a falta de cuidado com os outros tenta eliminar: a nossa humanidade.
Fonte: G1