Cientistas da Unicamp calcularam quantas vidas o isolamento social está salvando no Brasil.
Já são mais de 11 mil mortos. E o que nos salva de uma tragédia ainda maior são as pessoas que a gente não vê. É o isolamento dos milhões de brasileiros que estão respeitando a quarentena.
Pesquisadores da Unicamp calcularam quantas vidas o isolamento social está salvando. Eles consideraram as taxas de transmissão do novo coronavírus, ou seja, para quantas pessoas cada doente transmite o vírus.
Antes das medidas de isolamento social, essa taxa era de 2,15. Cada infectado passava o vírus para mais de duas pessoas. Na semana passada, foi de 1,59. Com esses dados, os pesquisadores estimaram quantos poderiam ser os casos de Covid-19 se não fossem as medidas de isolamento.
Um gráfico mostra a evolução da doença no país até agora. Daqui para frente, se o isolamento continuar no nível que está, o número de casos deve crescer bastante. Mas, se o isolamento acabasse agora, se a vida voltasse ao normal de repente, o número de casos cresceria, segundo o estudo.
A partir da diferença entre as duas linhas, os pesquisadores afirmam: se o isolamento social continuar como está, serão mais de 15 mil vidas salvas nas próximas duas semanas. Isso significa uma vida salva a cada 78 segundos.
"O processo de isolamento social é uma coisa muito difícil para ser feita numa sociedade como a nossa, uma sociedade que tem muitas pessoas carentes e isso não pode ser esquecido, principalmente pelos tomadores de decisão, pelos governos. Mas, como o isolamento social é a ferramenta que nós temos que é eficaz, a gente não pode abrir mão dela”, afirma Paulo Silva, pesquisador da Unicamp e do Cemeai.
Como já se sabe, e esse estudo também mostra, o isolamento social ainda está longe do que as autoridades de saúde consideram ideal. A gente poderia salvar muito mais vidas, desde quem a gente ama até pessoas que a gente nem conhece.
“A gente está salvando as nossas vidas ficando em casa, mas a gente, na verdade, está salvando a vida dos outros. Em particular, daquelas pessoas que têm que estar na rua, porque elas executam tarefas essenciais para a sociedade”, ressalta o pesquisador.
Fonte: G1