A Uni Américas, braço da Uni Global Union, instituição que congrega entidades sindicais do setor de serviços em nível mundial, realizou teleconferência com a presença de cerca de 60 representantes sindicais com o objetivo de compartilhar experiências e definir o papel das lideranças junto aos profissionais da Saúde. O encontro aconteceu na tarde desta quarta-feira, 1 de abril e para possibilitar a troca de informações, foi utilizado o aplicativo Zoom Video Communications e teve tradução simultânea em espanhol, português e inglês.
Para o diretor de organização da UNI Américas, Alan Sable, a videoconferência serviu para trocar informações sobre as ações de diferentes sindicatos para proteger a segurança de todos e organizar mais trabalhadores para participar da luta. “Embora não seja mais possível se reunir fisicamente, isso não significa que não possamos trocar boas práticas sobre como superar essa crise”, frisou ele.
O momento é de crise para as populações mundiais e principalmente para o setor da saúde, já que os seus profissionais sejam eles da área médica, enfermagem e apoio são a primeira linha no combate a um vírus que afeta fortemente a todos. As reações de governos e empresas a essa crise têm sido altamente variáveis como pode se observar na videoconferência da qual participaram representantes sindicais dos Estados Unidos, Canadá, Colômbia, Brasil, Argentina, Chile, Peru, entre outros.
“Pelos relatos dos sindicalistas, a situação não é muito diferente me todo o mundo. Até nos Estados Unidos, país de primeiro mundo, há reclamações de falta de estrutura como os necessários equipamentos de proteção individual (EPI’s) e más condições de trabalho”, analisa o presidente da Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo (Federação Paulista da Saúde), Edison Laércio de Oliveira. Em muitos estabelecimentos pelo mundo afora, aproveitam o momento para tirar direitos e colocar os trabalhadores em riscos desnecessários, além de uma fatia grande de trabalhadores que demonstra medo da falta de medidas de segurança para eles próprios e suas famílias.
“O envolvimento com os Sindicatos, Federações e Centrais Sindicais é o caminho para fortalecer a categoria e com isso exigir medidas de segurança e preservação da saúde dos profissionais da área”, refletiram vários dirigentes sindicais na teleconferência.
Reivindicações e denúncias
Os sindicalistas defendem que as empresas e os governos municipais, estaduais e federal de todo o mundo se conscientizem do valor dos trabalhadores da saúde para o sistema, o que ganha grande proporção quando se enfrenta uma crise, como a pandemia pelo coronavírus. “Os trabalhadores merecem melhores salários e também receber o adicional de insalubridade. E para todos”, destaca o diretor da Uni Américas/Uni Global, Alan Sabre. “Confiamos que o movimento sindical sairá muito mais forte desta crise e pronto para conquistar mais benefícios para os trabalhadores”, completa.
O presidente da Federação Paulista da Saúde, defendeu que todos os trabalhadores recebam 30% do salário a título de penosidade de imediato como bônus e se reconheça o adicional de insalubridade em grau máximo para todos. A reivindicação da entidade brasileira, integra
documento encaminhado aos Sindicatos que representam a área patronal da saúde no Estado de São Paulo.
Outra reivindicação além do adicional de insalubridade e penosidade é o afastamento daqueles trabalhadores que estão nos grupos de risco – profissionais com mais de 60 anos, grávidas ou com doenças pré-existentes – e a entrega para todos os trabalhadores,
independente do setor, dos equipamentos de proteção individual.
“Diferente da Argentina onde os trabalhadores conseguiram bônus, aqui já temos tentativa de redução salarial”, denuncia Edison, relatando que a entidade recebeu proposta nesse sentido da Federação dos Hospitais (FEHOESP). “Não vamos permitir. Queremos mais, não menos”.
Andrea Ordonez, dirigente sindical na Colômbia, reforçou as denúncias, afirmando que na Colômbia só oferecem EPI’s nos setores onde estão os pacientes com resultado positivo para o COVID-19, o que já fez com que 32 companheiras de trabalho fossem isoladas. De acordo com ela, os trabalhadores ainda relatam casos de preconceito por parte da população em relação ao trabalho de risco que desenvolvem.
HeeWon Brindle afirma que o governo do seu país, os Estados Unidos, subestimou a pandemia pelo coronavírus e isto trouxe consequências para o sistema de saúde, como corte na cadeia de fornecimento de insumos para os estabelecimentos de saúde. Para a representante sindical da Federação da Saúde do Chile, Glória Flores, os dirigentes sindicais devem se manter fortes, formar grupos nas redes sociais para responder as dúvidas dos trabalhadores e evitar que aconteçam muitos afastamento que acabam prejudicando e colocando em risco os que ficam.
Edison de Oliveira elogiou a iniciativa da UNI Américas/UNI Global e finalizou propondo que as videoconferências sejam realizadas regularmente para troca de informações, experiências, de forma a melhorar o resultado do trabalho que todos desenvolvem em prol dos profissionais da saúde.