Trabalhadores recebem modelo de cartinha de oposição à Convenção Coletiva, mas não sabem que podem ficar sem benefícios e fora de ações coletivas que tramitam na Justiça
Está circulando nos grupos de rede social modelo de carta do Hospital Thereza Perlatti contra o Sindicato da Saúde de Jaú. Após vários meses foi concluída a negociação salarial entre nosso sindicato e o sindicato que representa os hospitais filantrópicos. De onde saiu o modelo que mostra como o trabalhador abre mão de seus direitos?
A cartinha ensina a ser opor à contribuição negocial de 0,7% (R$ 7,00 a cada R$ 1.000,00 de salário), só que não explica que ao ser contra o sindicato o trabalhador perde o direito de pleitear o que está previsto na Convenção Coletiva negociada pelo sindicato. Pode perder tudo ou parte dela, como já ocorre em grandes hospitais da nossa base.
No futuro, a cartinha abrindo mão dos direitos exclui o funcionário de ações coletivas por descumprimento de cláusulas, por multas em atraso de pagamento e o deixa sem respaldo em caso de atraso no pagamento de salários, do não-pagamento do décimo-terceiro, do Fundo de Garantia ou se parar de receber a cesta básica, por exemplo.
O Hospital Thereza Perlatti alega não ter dinheiro para dar os reajustes há quase três anos. O Sindicato da Saúde já moveu ação em defesa dos trabalhadores prejudicados. A Justiça pode entender que quem é contra a Convenção Coletiva (fez cartinha) não tem direito a ser beneficiado na ação. Assim, uma decisão judicial poderá favorecer somente os sócios e os contribuintes.
Greve dois anos atrás – É bom lembrar que o Hospital Thereza Perlatti passou por um período de quase um mês de greve no final de 2017 e início de 2018. Atrasava salário, atrasou abono e não pagava o FGTS. A situação só normalizou depois que o sindicato e parte dos trabalhadores se mobilizaram e chamou a atenção das autoridades para o problema. Quando a situação apertou o Sindicato da Saúde foi o único a estar ao lado dos trabalhadores.