O diretor de arte Fernando Östlundo, 33, virou usuário da startup há oito meses, após ter visto um anúncio em uma rede social. Ele já usou a plataforma três vezes e conseguiu rapidamente consultas com clínico geral, gastroenterologista e psicólogo.
Ainda cadastrado na plataforma, seu gasto mensal não supera R$ 50. “Os profissionais são bons e estão bem localizados”, afirma.
Hoje o aplicativo tem 700 profissionais de saúde cadastrados, entre médicos, dentistas e psicólogos. Oferece 48 especialidades, como cardiologia, cirurgia cardiovascular, plástica, clínica geral e médica, dermatologia, alergologia, odontologia, pediatria, reumatologia, infectologia, pneumologia, psiquiatria, urologia, geriatria, fonoaudiologia e outras.
Burattini diz que, pela plataforma, os médicos chegam a receber 50% acima do valor por consulta pago pelas operadoras de saúde.
Há um ano, a cardiologista Denise Hachul está cadastrada no aplicativo. Para ela, sempre foi angustiante ver pacientes perderem o atendimento porque perderam o plano de saúde.
“Os aumentos [de preço do plano] vão muito além do que o paciente pode pagar, e ele fica sem atendimento. O problema é que a rede pública não absorve. A plataforma permite que eu dê assistência ao paciente sem deixar de receber pelo meu trabalho”, afirma.
SERVIÇO NÃO GARANTE ASSISTÊNCIA À SAÚDE DE FORMA CONTÍNUA, DIZEM ESPECIALISTAS
O especialista em saúde pública Gonzalo Vecina Neto considera alternativas como o Dandelin uma “meia solução”, porque atendem a um episódio.
“É um atendimento parcial. A maior parte da carga de doenças é de atendimento contínuo, como hipertensão, diabetes e câncer. Estamos falando de doenças responsáveis por 50% da mortalidade do brasileiro”, afirma.
“São problemas que precisam de um olhar contínuo. É o espaço do SUS que deveria responder a isso. Perde o profissional de saúde e o paciente. Este tipo de serviço não é uma solução.”
O coordenador do curso de especialização em administração hospitalar e de sistemas de saúde da FGV-SP, Walter Cintra, afirma que a efetividade desse tipo de serviço do ponto de vista das condições de saúde das pessoas é zero.
“Para casos que precisam de acompanhamento, a plataforma não ajuda em nada. A saúde precisa ser entendida como um sistema”, diz. “É uma grande ideia para tentar se aproveitar de uma falha de mercado que não tem nada a ver com assistência à saúde.”
DANDELIN
O que?
Aplicativo que permite a realização de consultas de saúde eletivas
Quanto custa?
O app pode ser baixado gratuitamente
O valor da mensalidade não ultrapassa R$ 100
Como funciona?
A mensalidade é cobrada sobre o uso real, levando em conta a quantidade de consultas efetuadas multiplicada pelo valor das consultas dividido entre os membros da comunidade
Quantos profissionais de saúde?
Atualmente, 700 estão cadastrados, entre médicos, dentistas e psicólogos. No total, são oferecidas 48 especialidades
Como agendar as consultas?
Basta baixar o app gratuitamente e, no primeiro agendamento, cadastrar uma forma de pagamento válida
Fonte: Folha