Ao longo do primeiro dia do 4º Congresso Ordinário da União Geral dos Trabalhadores (UGT), na quinta, 30 de maio, foram realizadas palestras para os mais de 800 participantes do evento, entre sindicalistas de diversas categorias de todas as regiões do Brasil e de mais de 20 países, dirigentes de outras centrais, autoridades políticas e convidados. O evento acontece até esta sexta, no Auditório do Ocian Praia Clube, em Praia Grande.
Ainda na parte da manhã, Clemente Ganz Lúcio (foto), diretor técnico do Dieese, falou sobre a reforma da Previdência. Clemente explicou que os sindicatos estão lutando para aumentar a proteção social, apesar do momento difícil por que passam em razão da reforma trabalhista e da MP 873, que tentam proteger as empresas e não deixar com que os sindicatos protejam os trabalhadores.
"A Previdência é um direito que, como sociedade, queremos produzir. Queremos dar uma proteção social aos idosos, às pessoas que trabalham. Para financiar a Previdência, precisamos de uma reforma tributária que arrecade impostos dos que hoje não pagam, justamente os mais ricos. Do jeito que foi apresentada, a nova regra da Previdência tira dinheiro das pessoas. Quanto menos dinheiro, menos emprego, menos consumo e, finalmente, menos valorização da economia. Assim, a reforma da Previdência proposta pelo governo hoje é, além de injusta, ineficiente do ponto de vista econômico", disse o diretor técnico do Dieese.
À tarde, foi a vez da gerente da Mercedes-Benz do Brasil, Luciana Urban, abordar o tema que circunda o Congresso: a Revolução 4.0.
Para Luciana, "estamos vivendo uma transição, como ocorreu em todas as revoluções anteriores. Assim, é necessária uma adaptação. Não vai haver uma destruição, e sim uma migração das ocupações, das necessidades e prioridades. Para essa mudança, o fator humano continuará sendo o mais importante".
A palestrante explicou que estamos vivendo no mundo VUCA (sigla em inglês para volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade). "E, para passar por esse momento, precisamos ter seis habilidades, que são: adaptação, propósito, colaboração, conversa, transdisciplina e mentalidade exponencial".
Riscos
Já Jana Silverman, vice-presidente do Solidarity Center, falou sobre o retrocesso que pode ser gerado pela Revolução 4.0. "Corremos o risco de voltar à Primeira Revolução Industrial, com pessoas trabalhando 12 horas por dia, recebendo pouquíssimo, os chamados escravos modernos. Haverá mudanças difíceis e os sindicatos precisam se preparar, lutar pela instituição de políticas públicas fortes para os trabalhadores. Lutar para construir uma economia que atenda à sociedade, e não ao capital".
Jana reforçou, ainda, a necessidade de os sindicatos serem cada vez mais ofensivos e menos defensivos. "É preciso ir para a base, se aproximar do trabalhador e entendê-lo fora da jornada laboral, ou seja, como negro, LGBT, pai e mãe, cidadão".
"Os sindicatos foram criados para lutar pelo trabalho decente. É isso que deve ser feito em qualquer situação", finalizou a dirigente do Solidarity Center.
Na sequência, o professor e pesquisador da CESIT/Unicamp, José Dari Krein, ministrou palestra sobre a conjuntura sindical brasileira em tempos de Revolução 4.0. "Não podemos ser contra a tecnologia. Temos que nos apropriar dela para que não seja boa só para o capital. Temos que pensar que as tecnologias não são neutras, e sim determinadas por relações de poder".
Krein também abordou a importância da adaptação dos sindicatos à mudança estrutural ocorrida na classe trabalhadora. "Precisamos, primeiro, dar espaço para a juventude. Além disso, o sindicato deve ter um caráter mais horizontal e atender diversas categorias em uma mesma entidade, inclusive aqueles que se encontram sem emprego. Sem falar na defesa de políticas públicas que sejam universais", finalizou o professor.
Fonte: Assessoria de Imprensa da UGT Nacional