A reforma da Previdência proposta por Bolsonaro traz uma aposentadoria injusta e atinge, principalmente, as mulheres. Nesta sexta (8), elas serão homenageadas no Brasil e no mundo. Por aqui, o ataque contra seus direitos será pauta na maioria das manifestações, que acontecerão em todo o País.
O texto apresentado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, aumenta o tempo mínimo de contribuição para 20 anos. A idade mínima para as mulheres obterem o direito a aposentadoria sobe de 60 para 62 anos. Já o benefício será reduzido.
Prova da desigualdade já vivenciada pelas trabalhadoras é demonstrada por pesquisa do ano passado, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento indica que elas ganham em média 75% do que os homens recebem, apesar de realizarem o mesmo serviço.
A Agência Sindical entrevistou a dra. Tonia Galetti, coordenadora do Departamento Jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados e Idosos (Sindnapi/ Força Sindical). A advogada destaca as principais maldades da reforma da Previdência contra as trabalhadoras.
Idade - A dra. Tonia afirma que a idade mínima de 62 anos, proposta pela reforma, vai acarretar na impossibilidade de aposentadoria para muitas mulheres. Ela explica: "Hoje, a maior parte já se aposenta por idade, não por tempo de contribuição. Isso porque elas não têm uma vida laboral tão homogênea e constante como a dos homens".
Pensão - A advogada diz que um ponto nevrálgico para as mulheres é a questão do pagamento de pensões por morte. Ela destaca que, caso a proposta seja aprovada, o pagamento integral de um segundo benefício não será permitido. Dra. Tonia questiona: "A mulher vai cortar no meio o valor do aluguel?"
Cálculos - A reforma de Bolsonaro também altera a base de cálculo do valor dos benefícios para todos os trabalhadores. Atualmente, o valor é definido com base nos 80% maiores salários de contribuição. "Isso reduz o valor das aposentadorias, prejudicando ainda mais as mulheres, que ganham menos", alerta.
Especiais - A Previdência proposta pelo governo iguala a idade mínima de 60 anos para professoras e professores. "A Constituição garante a igualdade entre homens e mulheres, mas, na prática, isso não ocorre. O que o governo quer é reforçar as desigualdades", diz a advogada.
Regressão - Dra. Tonia afirma que o Brasil vive um momento de regressão dos direitos da mulher. "Não há muito o que se comemorar neste 8 de Março. As agressões às mulheres crescem. Vemos escorrer pelos dedos as chances de igualdade", alerta.
Fonte: Agência Sindical