O Brasil deve ter encerrado 2018 com a criação de 436 mil vagas formais, aponta a média de 15 estimativas de consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data. Confirmado o resultado, este será o primeiro saldo positivo para o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) desde 2014. O número, no entanto, é menor do que o esperado inicialmente pelos analistas, que chegaram a prever a abertura de 1 milhão de vagas com carteira no ano.
As estimativas para 2018 variam de 382 mil a 580 mil vagas. Para dezembro, 16 analistas projetam em média o fechamento de 329 mil empregos, com o intervalo para o saldo negativo entre 374 mil e 278 mil. Em 2017, foram fechadas 328,5 mil vagas em dezembro. O último mês do ano é tradicionalmente marcado por perda de postos, devido à demissão de de trabalhadores temporários. Estes cortes são sazonais e não indicam uma piora da economia.
O Itaú projeta o fechamento de 314 mil vagas em dezembro e um saldo positivo de 414 mil empregos no ano, o que seria o melhor resultado desde 2013. Naquele ano foi gerado 1,12 milhão de empregos, número que caiu a 397 mil em 2014 e entrou no campo negativo entre 2015 e 2017, período em que foram fechadas quase 3 milhões de vagas.
“Dezembro tem sempre um resultado bem negativo em relação aos demais meses, ligado à saída de trabalhadores temporários e à sazonalidade da construção civil”, lembra Artur Passos, economista do Itaú. Feito o ajuste sazonal, o resultado representaria uma criação de 70 mil vagas na média móvel trimestral, calcula ele. “Isso representa uma melhora importante na dinâmica do mercado de trabalho”, avalia.
O Haitong projeta o fechamento de 370 mil postos de trabalho em dezembro, mas um saldo positivo de 387 mil empregos no ano. Para Flavio Serrano, economista sênior do banco, a frustração na geração de vagas em 2018, em relação ao 1 milhão de empregos previstos por alguns economistas, está diretamente relacionada ao crescimento abaixo do previsto do Produto Interno Bruto (PIB). Analistas chegaram a prever um PIB de até 4% para o ano passado, mas ele deve ter ficado mais próximo a 1,2% ou 1,3%.
Segundo Serrano, o avanço menor da economia pode ser explicado pelo processo eleitoral turbulento, com efeito sobre a confiança dos agentes;por uma maior restrição das condições financeiras no mundo; pela menor capacidade de investimento do governo, em meio ao ajuste fiscal em curso; e por um estímulo monetário talvez insuficiente.
Para 2019, os analistas estão novamente otimistas e a média das projeções aponta para uma geração líquida de 776 mil empregos no Caged. Conforme o economista do Haitong, pesam a favor o efeito acumulado da política monetária, que completa em março um ano de Selic a 6,5%; a redução da incerteza política; e um menor risco de altas de juros nas economias maduras, principalmente nos Estados Unidos.
Fonte: Valor Econômico