Sindicato afirma que hospital não se posicionou sobre reivindicações dos trabalhadores
Greve de funcionários da Santa Casa de Jaú começará ao meio-dia do dia 8 de novembro. O aviso é do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região (Sindicato da Saúde), que publicou ontem carta aberta à população sobre o assunto.
Conforme o Comércio vem noticiando nos últimos dias, a entidade sindical diz que os profissionais de saúde do hospital não têm reajuste salarial desde julho de 2016 e que as propostas de renovação de convenção coletiva feitas pela Santa Casa minam os direitos dos trabalhadores, ampliando jornada, reduzindo folgas mensais, diminuindo adicional noturno, entre outros aspectos.
No dia 17 de outubro, os trabalhadores decidiram, em assembleia, pela aprovação do estado de greve.
Como o hospital não se manifestou sobre o assunto, no dia 19, a presidente do sindicato, Edna Alves, protocolizou aviso de deflagração de greve e deu prazo de 72 horas para que o hospital se pronunciasse.
Esse prazo expirou ontem de manhã e, segundo Edna, o sindicato não recebeu nenhum comunicado oficial por escrito. “A única manifestação foi por funcionária da provedoria, que disse que vai haver uma reunião com o sindicato patronal na quarta-feira. Como não tem nada por escrito, desconsidero essa manifestação”, explicou Edna.
Ontem à tarde, Edna fez novo protocolo na Santa Casa. Desta vez, pediu informações relativas ao quadro de funcionários e às escalas, para que a greve seja dimensionada e organizada. Conforme a legislação, 30% do efetivo é mantido em atividade durante a greve. De acordo com Edna, a Santa Casa é obrigada a fornecer os dados – a sindicalista estima que a filantrópica tenha hoje cerca de mil funcionários.
Embora a greve já esteja prevista para começar no dia 8, pode haver mudanças até lá. Edna avisa que, caso a Santa Casa proponha voltar à mesa de negociações, o sindicato estará à disposição para conversar. Paralelamente, a Justiça do Trabalho, que intermedia negociação de convenção coletiva, também pode se pronunciar.
Se as tratativas não evoluírem, a greve ocorrerá. A Santa Casa é o único hospital de referência da cidade de portas abertas e atende encaminhamentos feitos por municípios da região.
Carta aberta
Em carta aberta à população divulgada ontem, o Sindicato da Saúde lamenta os eventuais transtornos que a greve trará à população, mas salienta estar agindo dentro da legislação e do direito à greve. O sindicato destaca que as negociações salariais estão travadas desde o primeiro semestre de 2017 e que a “intransigência da Santa Casa de Jaú e do Sindicato das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (Sindhosfil) não pode ser maior do que as necessidades dos profissionais da saúde”. O Sindhosfil tem representado a Santa Casa nas negociações.
Outro lado
A Santa Casa de Jaú, por sua vez, divulgou nota à imprensa sobre o assunto. No texto, o hospital afirma ser filiado ao Sindhosfil desde 2016 e que reconhece as convenções firmadas pelo sindicato patronal.
A filantrópica diz que o sindicato dos trabalhadores vem acusando a Santa Casa de retirar direitos dos trabalhadores. “Ocorre que a Santa Casa é secular e cumpridora dos seus deveres, e aguarda decisão judicial referente ao dissídio coletivo impetrado pelo sindicato profissional, a fim de cumprir o que for decidido em juízo pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região”, diz o texto do hospital.
Por fim, a Santa Casa declara ainda que cumprirá o que vier a ser firmado por meio do Sindhosfil ou o que for deliberado pela Justiça.