O rotativo do cartão de crédito é mais utilizado por desempregados e por beneficiários de programas sociais. É o que conclui pesquisa do Banco Central divulgada nesta terça-feira (12), em Brasília.
O rotativo é usado quando o consumidor não tem dinheiro para pagar a fatura inteira do cartão de crédito. Ele paga qualquer valor entre o mínimo e o total da fatura e o restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros.
Este mês, o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu que a taxa de juros tem de ser igual para clientes regulares e não regulares. Até essa nova regra entrar em vigor, os clientes que não pagavam pelo menos o valor mínimo da fatura em dia caíam na modalidade de rotativo não regular, com taxa de juros mais cara que a cobrada dos clientes adimplentes (regulares).
A pesquisa do BC foi feita com dados de dezembro de 2017, quando ainda podia ter diferenciação entre regulares e não regulares.
Saldo devedor
Segundo a pesquisa do BC, entre os analfabetos, 38% do saldo devedor do cartão de crédito são divididos nas modalidades ‘à vista ou parcelado com o lojista’ (sem incidência de juros), 32% no rotativo regular, 6% no não regular e 27% parcelado (com juros).
No caso do consumidor com ensino superior completo, a maior parte do saldo devedor é da modalidade à vista ou parcelado com o lojista (61%), seguido de rotativo regular (25%), parcelado (23%) e rotativo não regular (3%). Os percentuais somam mais de 100% porque um consumidor pode ter saldo em várias modalidades ao mesmo tempo.
Entre os pesquisados que usam apenas as modalidades à vista ou parcelada com o lojista, 71,4% têm emprego formal, 2,1% recebem seguro-desemprego, 12,9% não recebem seguro-desemprego ou Bolsa Família e 19,9% são beneficiários do programa Bolsa Família.
Já na modalidade rotativo regular, 63,5% dos indivíduos têm emprego formal, 2,6% recebem seguro desemprego, 13,5% são desempregados sem nenhum auxílio e 28,5% recebem Bolsa Família.
No caso do rotativo não regular esses percentuais são, respectivamente, 54,3% (empregados formalmente), 3,9% (recebem seguro-desemprego), 20,5% (desempregados sem auxílio) e 29,6% (recebem Bolsa Família).
No relatório, o BC esclarece que as informações não são excludentes, ou seja, um indivíduo pode ter emprego formal e receber Bolsa Família, por exemplo.
Segundo o BC, as taxas de juros são mais baixas para os consumidores com idade mais elevada, renda mais alta, com alto nível de instrução e menos endividados porque apresentam um perfil de risco menor.
A pesquisa do BC envolveu 49,9 milhões de consumidores, com saldo total na carteira ativa de cartão de crédito de R$ 191 bilhões em dezembro de 2017. Entre eles, 15,6 milhões possuíam saldo devedor em cartão de crédito rotativo regular e 2,6 milhões tinham saldo devedor em cartão de crédito rotativo não regular.
Além disso, 41,8% (20,9 milhões) estavam formalmente empregados; 1,6% (786 mil) recebiam seguro-desemprego; 16,1% (8,1 milhões) eram beneficiários de algum programa social (em sua maioria, do Bolsa Família); 8,9% (4,4 milhões) foram demitidos entre 2016 e 2017 e não recebiam seguro-desemprego ou Bolsa Família; e 36,3% (18,1 milhões) não foram mapeados pelas bases de dados utilizadas.
“Nas modalidades do cartão de crédito rotativo (regular e não regular), observa-se menor participação de indivíduos com alta escolaridade, assim como maior participação de indivíduos recentemente desligados do mercado de trabalho formal e de beneficiários de programas sociais”, diz o relatório.
Além disso, acrescenta o Banco Central, a participação de consumidores com menos tempo de emprego e menor renda também é maior no cartão de crédito rotativo do que na modalidade à vista ou parcelado com lojista.
Fonte: Mundo Sindical