Sindicalistas das principais categorias de Jaú avaliam se empregados têm mais a comemorar ou lamentar
Alessandro Gabriel Macedo Veiga e Juliana Helena Santile durante trabalho FOTOS: LAURA AGOSTINHO
Hoje é Dia do Trabalho, mas os trabalhadores têm mais motivos para comemorar ou lamentar? Esta foi a pergunta feita pelo Comércio aos representantes sindicais de quatro das principais categorias de Jaú: calçadistas, rurais, comerciários e funcionários da saúde.
A avaliação geral dos líderes sindicais é que, por um lado, as pessoas que estão empregadas têm de celebrar por contarem com fonte de rendimento em meio a tempos difíceis. Por outro, todos devem estar atentos ao cerceamento dos direitos dos trabalhadores, o que tem sido intensificado nos últimos tempos.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, Jaú criou 293 postos de trabalho no primeiro trimestre deste ano – são os dados mais recentes disponíveis. Embora o saldo positivo mereça ser comemorado, é o terceiro pior desempenho para o período na série histórica iniciada em 2007 (veja quadro).
No âmbito macro, a taxa de desemprego no Brasil no primeiro trimestre de 2018 subiu para 13,1% - nos últimos três meses de 2017, o índice havia sido de 11,8%, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje são, no total, 13,7 milhões de desempregados no País.
Opiniões
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçados de Jaú, Miro Jacintho, cita que a categoria tem reclamado do aumento da informalidade. “Não sei se é por má-fé ou se a crise pegou até os empresários. Por isso, não vejo perspectiva de comemoração no Dia do Trabalhador”, critica.
Na visão do presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Jaú, José Luiz Stefanin Junior, este Dia do Trabalho pode ser considerado uma data ambígua.
Quem está com a carteira assinada deve comemorar a possibilidade de sustentar a família e pagar as contas, mas com a preocupação de que a reforma trabalhista retirou conquistas obtidas ao longo de muitos anos.
“O trabalhador tem de lamentar a reforma altamente empresarial, mas sem abaixar a cabeça e continuar lutando para conquistar aquilo que ficou para trás”, aconselha Stefanin Junior.
Quem vai nessa mesma toada é o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Jaú, Luiz Carlos da Silveira e Souza. Ele concorda que a reforma tem prejudicado os trabalhadores, o que suscita análise por parte de todos os que estão no mercado.
“O pessoal deve abrir os olhos e procurar saber que, além da retirada de direitos, estão tentando enfraquecer os sindicatos, que lutam pelo trabalhador”, reclama. “O Dia do Trabalho é para ser comemorado e para as pessoas confraternizarem, mas sem esquecer dos pontos que estão afetando todas as categorias”, completa.
A opinião da presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Jaú e Região, Edna Alves, é que, após a reforma trabalhista, já houve demissões em massa e dispensa de funcionários mais antigos na região.
“O resumo é de que a situação não está boa. Alguns hospitais da região alegam estar no vermelho, mas não apresentam a prestação de contas”, queixa-se Edna. Com isso, opina a sindicalista, este Dia do Trabalhador merece mais lamento do que comemoração.
“A CLT foi rasgada. O funcionário tem medo da represália, e aceita o que o patrão quer. A categoria está doente em função da pressão psicológica, com pessoas entrando em depressão e desenvolvendo síndromes”, conclui.