André Luiz Alves Bueno é um típico representante da categoria, com dupla jornada de trabalho e se destaca por ter sido um dos líderes da greve vitoriosa no Hospital Thereza Perlatti
O auxiliar de enfermagem André Luiz Alves Bueno, 43 anos, chegou a trabalhar em dois hospitais na mesma época, fazendo jornadas de 18 horas seguidas. Deixava um estabelecimento e seguia para o outro sem descanso. Ele será o representante da categoria, indicado pelo Sindicato da Saúde de Jaú e Região, na homenagem a ser realizada pela Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) no dia 4 de maio, às 10h.
A Sessão Solene celebra o Dia Estadual do Trabalhador da Saúde, criado pela lei estadual 11.665, que deu origem em projeto do deputado estadual Rafael Silva. A lei tornou o 12 de maio o Dia Estadual do Trabalhador da Saúde – é feriado da categoria conforme nossa Convenção Coletiva. Desde então, a Assembléia Legislativa realiza anualmente essa homenagem em parceria com a Federação Paulista da Saúde.
Além de André Bueno, de Jaú, também serão homenageados outros 12 profissionais indicados pelos sindicatos filiados à Federação. Os 13 homenageados representam os mais de 700 mil profissionais da categoria no Estado. Ao ser convidado pelo Sindicato da Saúde ele ficou empolgado.
“Nossa, fiquei surpreso e feliz ao mesmo tempo. Agradeço a todos que se lembraram de mim”, comemora, alertando que a categoria da saúde é sofrida e carece de reconhecimento. “A região de Jaú vai estar bem representada”, diz a presidente do Sindicato da Saúde, Edna Alves, que considera oportuna a homenagem a André. “Tivemos duas greves vitoriosas na nossa base e nada melhor do que valorizar quem teve coragem de lutar pelos colegas.”
Dupla jornada e líder - André Bueno é um típico representante da categoria da saúde com dupla jornada e lutando para sobreviver aos baixos salários. Mas vai além da dedicação aos pacientes. Sócio do sindicato desde agosto de 2004, ele foi um dos líderes do movimento contra o atraso no pagamento de salários pelo Hospital Thereza Perlatti – a greve teve início em 18 de dezembro de 2017 e durou quase um mês.
Hoje funcionário exclusivo do Perlatti, ele conta que já tinha experiência com greve lutando por aumento salarial. “Fazer greve para receber salários atrasados foi a primeira vez. Valeu a pena o resultado. Mostrou que a gente pode se mobilizar de novo a qualquer hora”.
Funcionário do plantão diurno, ele e outros colegas lideraram a luta em defesa de todos os trabalhadores do hospital. Em dezembro o décimo terceiro salário não tinha sido pago, os salários de novembro estavam atrasados. A greve pressionou, chamou atenção das autoridades e levou o hospital a normalizar o pagamento. Nenhum grevista teve prejuízo pelos dias parados: o hospital perdeu no Tribunal e foi obrigado a pagar o salário integral de todos.
André cita a pressão enfrentada pelos grevistas e a falta de apoio de muitos colegas que temiam perder tudo. “Quem ficava lá dentro tinha medo do desconto dos dias parados, tinha medo de perder o emprego.” Segundo ele, quando o hospital descontou oito dias dos grevistas (e depois teve de devolver) a estratégia de enfraquecer a greve não deu certo. “Deus mais força ainda para nós. A greve vai ficar na história.”
Carreira na saúde – André morava em São Paulo. Mudou-se para Jaú e entrou para a categoria da saúde no fim de 1997. Começou a trabalhar como roupeiro. Depois cursou auxiliar de enfermagem por causa de incentivo de amigos. Fez o curso de técnico, mas nunca registrou essa função no Coren por causa do alto custo da mudança. Optou seguir como auxiliar até a aposentadoria.
Foi entregador de jornais diário antes do primeiro emprego na saúde, na Santa Casa de Jaú, onde ficou por quase três anos. Trabalhou em asilo e no Hospital Amaral Carvalho. Empregou-se no Perlatti, onde permanece até hoje. Recentemente deixou o trabalho no Hospital Amaral Carvalho.
“Fazia jornada de 12 x 36 horas no Amaral e de 6 horas no Perlatti. Era comum trabalhar 18 horas seguidas. Fazia pela necessidade. Hoje não faria mais isso”, comentou, lembrando que a jornada dupla é comum entre amigos de profissão. Os baixos salários, segundo o auxiliar de enfermagem, levam os profissionais a ter dois ou mais empregos.
“Com 18 horas por dia de trabalho não dava tempo para nada. Tinha vários problemas de saúde, pressão alta, diabetes... “ Hoje, atuando apenas no período matinal, ele consegue frequentar academia, piscina, jogar bola... Tem mais qualidade de vida. “Toda noite estou em casa com a família”, comemora. Ele é casado com Agueda Ferreira e pai de Ana Laura, Mariane e Mateus.
Homenageados de Jaú e Região na Alesp desde 2008
2008 - Maria de Lourdes Raminelli Guarnieri
2009 - Simone Cristina Antunes
2010 - Maria do Espírito Santo Costa
2011 - José Francisco Parice
2012 - Maria Jerusa de Abreu
2013 - Maria Aparecida Ricardo Herrera
2014 - Arlindo de Sousa Medeiros
2015 - Maria Vilma Gomes de Barros
2016 - Aparecida Coraza Alves
2017 – Eva Ana de Souza
VEJA EM NOSSO SITE HOMEMAGEM DA ALESP REALIZADA EM 2017 http://www.sindsaudejau.com.br/manchete_ver.php?id=1775