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Para desembargador do TRT, Convenção Coletiva é “arma” dos sindicatos em defesa do trabalhador


10/04/2018

Francisco Giordani diz que “o direito do trabalhador está na UTI” e teme que a legislação o transforme num mero direito empresarial, deixando de proteger o trabalhador

O cenário criado pela reforma trabalhista que retirou direitos do trabalhador e tenta acabar com os sindicatos norteou os debates no Workshop da Resistência, promovido pela Federação dos Trabalhadores da Saúde do Estado de São Paulo no dia 6 de abril em Campinas. Especialistas abordaram as mudanças nas relações de trabalho e no custeio das entidades sindicais. O Sindicato da Saúde de Jaú e Região foi representado pela presidente Edna Alves e pela diretora da Federação Maria Jerusa de Abreu.

Ficou evidente que as convenções coletivas ganharam mais peso a partir de agora. O desembargador Francisco Alberto da Motta Peixoto Giordani, do TRT-15, foi um dos palestrantes. Ele disse que a negociação coletiva é a melhor “arma” para os sindicalistas, tanto para evitar que se percam direitos como para garantir o custeio. “Temos de ter uma bandeira: a dos trabalhadores. Temos de usar muito as redes sociais”, recomendou, pregando a união entre os dirigentes sindicais e ações mais efetivas para se aproximar do trabalhador.

Giordani falou que não se sente representado pelo Congresso Nacional nem como cidadão e nem como magistrado, uma vez que deputados e senadores “esculhambam com o judiciário” e não estão nem ai para o direito do trabalho. “O pessoal que está lá é ligado ao direito econômico”.

No entendimento dele, “o direito coletivo do trabalho não tem mais a finalidade à proteção do trabalhador” e que as mudanças trazidas pela reforma trabalhista foram para “agradar as necessidades das empresas”. Para o desembargador, “a necessidade do mercado é o que importa” e que o tal “negociado sobre o legislado” só serve para retirar benefícios. “O direito do trabalhador está na UTI”, alerta, temendo que se transforme num mero direito empresarial.

 

Varrer o Congresso - O presidente da Federação, Edison Laércio de Oliveira, Disse que o Workshop da Resistência é mais um ato da entidade, reforçando o que tem sido feito há anos. “A Federação e os sindicatos filiados fazem isso há muito tempo. É melhor estar resistindo do que fechar os olhos e deixar as coisas acontecerem.”

Além de defender a unidade do movimento sindical, ele ressalta a necessidade de trocar os políticos na eleição deste ao, quando deputados e senadores vão às urnas em busca de voto. “É preciso ter a coragem de varrer do Congresso Nacional as pessoas que ali estão. A maioria nada faz para a sociedade.”

Custeio sindical - O Workshop da Resistência foi realizado no Centro de Estudos da Fecomerciários (Federação dos Comerciários) em Campinas. O presidente da Fecomerciários, Luiz Carlos Motta, participou dos debates e falou sobre a pouca representatividade dos trabalhadores atualmente no Congresso. Faltou pouco para ele ser eleito deputado federal há quatro anos. Motta é candidato de novo neste ano e promete levar para a casa de leis a bandeira do trabalhador.

As discussões envolveram ainda procurador do trabalho aposentado, Raimundo Simão de Melo. Segundo ele, cabe ao trabalhador custear sua entidade sindical. “O trabalhador está cada vez mais afastado dos sindicatos. Os sindicatos vêm sendo discriminados no mundo inteiro. Mas sabemos que custeio tem de sair do bolso do trabalhador. Só assim o sindicalista pode colocar o dedo na cara do patrão.” Ele ressalta que a assembléia da categoria é o canal para se discutir contribuições.

Chicotado pelo patrão - Também presente no Worlshop, Francisco Pereira de Souza Filho (Chiquinho), falou sobre a necessidade de os sindicatos estarem unidos. Presidente do Sindicato dos Padeiros de São Paulo e secretário de Organização e Políticas Sindicais da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Chiquinho falou que senadores, deputados e o governo tratam os trabalhadores e o sindicalistas como “se não tivéssemos cérebro” Disse que faltou debate antes de aprovar a reforma trabalhista, mas isso ocorre porque “a ordem do capital é explorar o trabalhador até a última gota de sangue”.

Falou da mentira do governo ao defender a reforma, dizendo que ela geraria “milhões de empregos”. Só que não. “Transformaram o trabalhador em pessoas que fazem bico”, aponta, citando que o resultado disso é a desorganização da vida do cidadão. “Todo o processo de discussão da reforma trabalhista teve um grau de maldade contra o trabalhador.”

Chiquinho sentencia que sem representantes no congresso nacional o trabalhador não será respeitado em seus direitos. Sem um “pé na casa de leis” os principais direitos não serão respeitados. “O trabalhador é chicoteado pelo patrão o ano todo, mas ainda vota no patrão”, finaliza.



  

  

  

 
 
Sindicato da Saúde Jaú e Região
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