Às 12h deste domingo (11/03) funcionários da Santa Casa de Bariri, que pertence`à Organização Social Vitale Saúde, entraram e greve em protesto pelos constantes atrasos no pagamento de salários. Por ser um dia atípico poucos funcionários estão escalados para o plantão, mesmo assim a presidente do Sindicato da Saúde, Edna Alves, foi impedida de adentrar à Santa Casa para conferir se a escala de plantonistas confere com a listagem fornecida pela Vitale.
Edna Alves chegou à Santa Casa no horário previsto para dar início à greve. Funcionários da Vitale já estavam a postos para aderir ao movimento. Parte, porém, continuou no serviço temendo represálias caso saíssem para apoiar o movimento grevista. O Sindicato da Saúde não conseguiu averiguar se a escala mínima de 30% estava sendo cumprida, mas estimava ter mais de 50% nos setores.
Do lado de fora estavam alguns funcionários escalados que saíram para aderir à greve e outros de outros plantões que vieram apoiar o movimento. Mesmo assim, a sindicalista considerou pequena a adesão, tendo em vista que na assembleia e reuniões que definiram pelo Estado de Greve foram mais de 40 a 50 funcionários favoráveis à greve.
SEGURANÇAS NA PORTA - Ao menos três seguranças foram contratados pela Prefeitura de Bariri para impedir o acesso do Sindicato da Saúde à Santa Casa. Também teve segurança da Vitale na portaria do hospital. "Fomos impedidos pela segurança contratada pelo prefeito de entrar na Santa Casa. O Marcos (Pereira, diretor administrativo da Vitale) também disse que é ordem do jurídico da Vitale para o sindicato não entrar no hospital", disse Edna Alves à reportagem da Bariri Rádio Clube.]
Segundo ela, o funcionário grevista teve de ficar na calçada, sem poder acompanhar a movimentação no Pronto Socorro, cujos médicos entraram em greve, levando a Justiça a determinar a Prefeitura para assumir o serviço. De fato, a Prefeitura trouxe médicos de fora para o PS, mas utilizou estrutura e funcionários da Vitale.
Durante a tarde, o secretário de Saúde de Bariri, Mozart Marciano, esteve no local e disse que foi averiguar se o Pronto Socorro estava funcionando. Ele disse que não tem poder para revogar a proibição contra o sindicato, já que foi uma decisão do prefeito. Segundo ele, o Município está resolvendo o problema do Pronto Socorro. Apenas isso.
IRREGULARIDADES? - Sem acesso ao hospital, Edna Alves diz que não pode passar a lista para saber "se tem funcionários suficientes para trabalhar ou se tem algo irregular lá dentro". De posse da escala fornecida pela Vitale, ela questionava se de fato o que estava no papel funciona dentro do hospital. Funcionários teriam informado que alguns setores foram fechados, mas as autoridades da saúde não foram informadas.
"AVitale pagou 30% do salários na quinta-feira e muitos funcionários concordaram com essa miséria. Acabaram não aderindo à greve. Os funcionários esquecem que já estão com quatro meses de salários sendo pagos com atraso. Esses 30% só foi pago pela Vitale depois que os funcionários declararam Estado de Greve. Antes a Vitale não tinha como pagar nada sem receber o repasse do SUS. Agora, quando foi decidido pela greve, o dinheiro da Vitale apareceu", apontou Edna Alves.
GREVE LEGAL - O diretor Marcos Pereira, da Vitale, falou à Rádio Clube de Bariri que os funcionários devem fazer a greve do lado de fora. "O sindicato não tem autorização para entrar no hospital. Na Santa Casa só entram funcionários que estão de plantão e dentro dos30%", comentou.Ele prometeu fornecer uma lista dos funcionários que estão trabalhando em cada setor para o sindicato poder acompanhar a escala.
Questionado sobre a greve, Marcos disse que considera "legal" e falou que está respeitando. "É um direito dos trabalhadores."
HISTÓRICO DE ATRASO - Depois que foi decidido pela greve, após três meses de salários sendo pagos com atraso, a Vitale informou que conseguiria pagar 30% até o dia 8 e os outros 70% só quando receber o repasse do SUS. Para abril, prometeu pagar 50% no quinto dia útil. O restante continuaria sendo pago com atraso. A normalização, segundo a Vitale, só ocorreria em maio. Os funcionários não acreditaram na promessa e decidiram cruzar os braços neste domingo.