Em coletiva para a imprensa, administração diz que tem R$ 2 milhões a receber do Estado e admite fechar o hospital por falta de dinheiro. Sobre mudar os gestores nada foi falado
A pressão iniciada com uma greve que já dura 12 dias deu resultado parcial. Com 23 dias de atraso, o Hospital Thereza Perlatti, de Jaú, fez nesta sexta-feira (29/12) o depósito do pagamento de novembro para os quase 300 funcionários. Mas como "esqueceu" de pagar o décimo terceiro a paralisação continua por tempo indeterminado.
A presidente do Sindicato da Saúde de Jaú e Região, Edna Alves, disse que o pagamento foi depositado na conta dos funcionários por volta das 9h de hoje. A previsão do hospital era pagar no dia 27 ou 28, mas não cumpriu a promessa, deixando ainda mais revoltados os funcionários. "Já passamos o Natal em greve e vamos passar o Ano Novo e o tempo que for preciso. O Sindicato da Saúde está ao lado dos trabalhadores."
Sem previsão para janeiro - Os trabalhadores estão preocupados também com o pagamento de dezembro, cujo prazo para quitação é o quinto dia útil de janeiro. "Se demorou tanto para pagar novembro, e ainda deve o décimo terceiro, como vamos acreditar que o próximo pagamento vai ser feito no dia certo?", pergunta um dos grevistas, prometendo continuar a pressão até que tudo seja pago. " Se parar agora daqui uma semana já estaremos na mesma situação de antes: um pagamento e o décimo terceiro em falta."
" Eu não vou sair da greve até pagarem tudo", diz uma senhora do setor de apoio, que disse "estar cansada dessa situação", mas avisa que não desiste "nunca". Ela admite que diante da situação o caminho poderá ser pedir a rescisão indireta, segundo orientação do sindicato. Nesse caso, o trabalhador entra na Justiça e preserva seus direitos, uma vez que o lado patronal não cumpriu as regras trabalhistas.
" Desistir agora não alivia a barra de ninguém. Se tiver de ser demitido futuramente, vai ser", diz outro funcionário, avisando que a situação o atraso no pagamento poderá se repetir na próxima semana. "Vai continuar na mesma", falou um colega, admitindo que a administração do hospital está criando uma "bola de neve" com tanto atraso, prejudicando os trabalhadores.
A greve ganhou mais adesões da enfermagem na noite de quinta-feira e ainda da cozinha nesta sexta-feira. Mesmo assim, segundo a sindicalista, o efetivo mínimo de 30% está sendo controlado e mantido pelos trabalhadores - quando necessário, trabalhador grevista assina a favor da greve, mas entra no setor para cobrir a falta de não-grevistas.
Fechamento do hospital - A administração do hospital convocou uma entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, mas a imprensa do Sindicato da Saúde não foi convidada a participar. Diante de emissoras de rádio, jornal e televisão, o diretor-executivo apresentou um relatório, no qual diz que a instituição tem R$ 2 milhões a receber do Estado, mas não sabe quando isso vai ocorrer.
O diretor do Perlatti criticou a greve, sem admitir que foi o próprio hospital e o desrespeito à equipe de trabalhadores que levou à paralisação em defesa dos trabalhadores e da própria instituição. O hospital informou que as internações estão suspensas e que pacientes foram liberados tanto quanto possível.
O administrador não descartou o fechamento do hospital. "Seria um caso extremo, mas não está descartado". Sobre trocar os gestores nada se falou. Sobre o fato de o hospital ter dinheiro em caixa há seis meses e hoje não tem mais, também não se falou nada.