Greve pode atingir outros setores; instituição tenta novas fontes de recursos para manter atividades
FONTE: COMÉRCIO DO JAHU
Referência para quase 70 cidades da região, o Hospital Thereza Perlatti encerra a segunda semana de uma de suas maiores crises. A greve motivada pelo atraso nos pagamentos dos funcionários pode atingir outros setores, como a cozinha e a limpeza. Até as 18h30 de ontem, o hospital não havia recebido os R$ 350 mil conveniados com o Estado, considerados essenciais para honrar a folha de pagamento.
Os trabalhadores estão sem receber os salários de novembro (pagos em dezembro) e parte do 13º. Os vencimentos de dezembro provavelmente atrasarão e o comando de greve não pretende ceder nem mesmo se o Estado enviar a parcela.
“Isso vai virar uma bola de neve. Se não sair o pagamento até as 17h (de ontem), cozinha e limpeza vão entrar em greve”, afirmou a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Jaú (Sindicato da Saúde), Edna Alves.
Jornada
Por enquanto, de 30% a 50% do efetivo tem cumprido jornada normal. No Natal, funcionários que não aderiram à greve teriam faltado, o que levou o sindicato a registrar boletim de ocorrência.
Em paralelo, médico do próprio hospital publicou em página pessoal do Facebook que o Perlatti estaria forçando altas. A Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) estaria orientada a não encaminhar novos pacientes para internação.
O diretor executivo, Sandro Renato Oliveira, nega a informação. Segundo ele, “as altas não são dadas aleatoriamente”. As saídas dos pacientes são condicionadas a laudos médicos e em alguns casos solicitadas pelas famílias, por causa das festas de fim de ano.
Mudança
Mesmo que o Estado regularize os pagamentos, a situação do hospital segue crítica. Em 2017, a previsão de deficit é de R$ 2 milhões, de acordo com o conselho administrativo do Perlatti.
O presidente do colegiado, Paulo Luís Capelotto, relata que vários são os motivos que levaram à situação financeira delicada. A política de saúde mental do País, que há até poucos dias estimulava a desospitalização, sufocou os repasses aos leitos psiquiátricos. Um paciente custa em média R$ 100, mas o hospital recebe R$ 41.
A outra razão é a dificuldade do Perlatti em ampliar sua oferta de serviços, devido à falta de vontade política dos agentes regionais.
“Nós não pagamos os funcionários por má vontade, mas porque não existem recursos”, explica. Em 2018, o grupo vai buscar o pagamento de valores atrasados do Estado e da União e reclassificar o hospital, a fim de obter novas fontes de financiamento.
Posicionamento
O governo do Estado informou em nota que o compromisso de pagar funcionários do hospital é da empresa, e que desde 2014 repassou R$ 14 milhões para o Perlatti conter a defasagem da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS).