Funcionários da cozinha e limpeza admitem parar de vez se pagamento não for feito; presidente do hospital admite fechar as portas se adesão à greve aumentar ou se funcionários pedirem rescisão indireta
O desespero por não receberem o pagamento de dezembro e o décimo-terceiro está crescendo cada vez mais entre funcionários do Hospital Thereza Perlatti, de Jaú. A greve que começou no dia 18 de dezembro chega ao 11a dia e pode sair do controle nesta quinta-feira (28/12), prazo final dado pela diretoria do hospital para quitar o salário de novembro.
A presidente do Sindicato da Saúde de Jaú, Edna Alves, diz que a possibilidade de pagar os quase 300 funcionários no dia 27 ou 28 pode não se confirmar. Nesse caso, setores como cozinha e limpeza ameaçam paralisar totalmente as atividades a partir do dia 28. "Ninguém aguenta mais. Tem funcionário passando fome. A campanha que fizemos para arrecadar alimentos está ajudando, mas não resolve."
Edna informa que o Sindicato da Saúde está orientando e monitorando a presença dos 30% de efetivo mínimo exigido por lei. Mas ressalta que está difícil, uma vez que funcionários não-grevistas e escalados pelo hospital estão faltando ao trabalho. Estariam descontentes e admitem jogar tudo pelo alto ou porque estão buscando outro emprego.
No feriado de Natal (24 e 25/12), por exemplo, foram registrados três boletins de ocorrência (B.O.) pelo Sindicato da Saúde por causa da falta ao trabalho de funcionários não-grevistas, o que obrigou grevistas a entrarem e assumirem as funções nos setores.
"O Sindicato da Saúde orienta os trabalhadores a manterem os 30%, mas se o hospital não cumprir o que prometeu não vamos ter como continuar com esse povo trabalhando sem receber. Pessoal da cozinha e limpeza, principalmente, já informaram que vão cruzar os braços", comenta Edna, ressaltando que o desespero já toma conta dos profissionais.
Opinião dos grevistas - "Estão pensando que com um pagamentinho vamos voltar. Para voltamos a trabalhar eles têm que pagar tudo", disse um dos funcionários'. "A greve só acaba se recebermos todos os direitos", completa um colega. "Eu só estou indo trabalhar nos dias que dá. Meus passes já acabaram, porque me deram apenas 20. Estou pegando do meu marido", disse outra trabalhadora sem salário. "Unidos venceremos. Pelos nossos direitos de pagamento e abono", avisa outro grevista.
Presidente do Perlatti fala em fechar as portas - Foi isso o que admitiu o presidente do Conselho Administrativo da Associação Hospitalar Thereza Perlatti, Paulo Luiz Capelotto, em conversa que teve como Edna Alves nesta quarta-feira.
À presidente, ele disse que não pode fazer nada agora e que a diretoria só poderá se reunir com funcionários no ano que vem (2/01). Disse também que os funcionários devem fazer o que acharem melhor.
Segundo Edna, o presidente do AHTP falou que se mais funcionários aderirem à greve ou pedirem rescisão indireta, o hospital pode fechar as portas. Capelotto teria dito que "provavelmente" o pagamento do salário de novembro será feito nesta quinta-feira, desde que o Governo do Estado faça o repasse de R$ 350 mil que deve à entidade. Ele não apresentou documento que comprove esse repasse.