"O maior malefício dessa reforma previdenciária é a carência de 25 anos de contribuição para o trabalhador se aposentar"
"Está faltando pressão" sobre os políticos
A carência de 25 de contribuição ao INSS para que o trabalhador possa se aposentar é o maior mal da Reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer. Essa foi uma das afirmações do deputado federal Arlindo Chinaglia, que esteve nesta quarta-feira (26/07) em Jaú para uma palestra sobre a reforma que tende a inviabilizar a aposentadoria de grande parte dos trabalhadores brasileiros.
A presidente do Sindicato da Saúde de Jaú e Região, Edna Alves, participou da palestra. Após o deputado falar da reforma que prejudica os trabalhadores, Edna o questionou sobre a situação dos profissionais da saúde, que lutam por jornada de 30 horas, que têm jornada dupla de trabalho por conta dos baixos salários, sobre a idade elevada para ter direito à aposentadoria, sobre a expectativa de sobrevida do brasileiro e sobre a dificuldade que terão para se aposentar. Também fez um contraponto aos altos salários dos deputados e à aposentadoria que os parlamentares têm direito.
Arlindo Chinaglia reconheceu os problemas dos profissionais da saúde, mas evitou comentar a aposentaria dos parlamentares, dizendo apenas que as condições são piores do que a dos servidores públicos. Chinaglia é membro da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, onde está em trâmite a proposta da Reforma Previdenciária.
Ele também faz parte da mesma Câmara que "empurrou com a barriga" e engavetou o projeto de lei que cria a jornada de 30 horas para para trabalhador da saúde - anos após passar de comissão em comissão, desde a época da presidente Dilma o projeto está parado, prejudicando toda a categoria.
Na palestra realizada na Câmara de Jaú, Arlindo Chinaglia falou que a carência para o trabalhador poder se aposentar sobe de 15 para 25 anos com a Reforma. Falou que o mercado de trabalho no Brasil não está preparado para isso, E citou números que mostram ser inviável para a maioria dos trabalhadores se aposentarem.
Ele mostrou reportagem do Folha de São Paulo denunciando que se essa carência tivesse valendo em 2015, apenas 20% dos trabalhadores teriam conseguido se aposentar e que 80% não se aposentariam. Isso para conseguir o mínimo.
Ele apontou ainda a alta rotatividade no serviço privado, da ordem de 40%, a dificuldade de recolocação profissional dos demitidos, a alta taxa de informalidade na economia como outras causas que vão impedir que as pessoas se aposentem;
Segundo ele, em 2012 e 2013, 25% dos trabalhadores contribuíram no maximo 5 meses com a previdência por ano. De acordo com o deputado, nesse caso, seriam necessários 60 anos para pagar essa carência de 25 anos de contribuição.
"Na prática. essa exigência vai afastar 40% dos trabalhadores da aposentadoria", fala Chinaglia. Ele mostrou números que 38% das pessoas não contribuíram com o INSS.
Além das propostas draconianas contra os trabalhadores, a situação vai ficar ainda mais grave com a Reforma Trabalhista, esta já aprovada e que permite o emprego intermitente, as jornadas reduzidas e a terceirização irrestrita.
O governo, na opinião dele, "tem o instinto de punir o pobre", uma vez que grande parte dos trabalhadores vão morrer antes de ter direito a se aposentar. "É preciso que o povo brasileiro tome seu destino nas mãos", disse, completando que "está faltando pressão" sobre os políticos para tentar inviabilizar essa reforma previdenciária.