Deficit faz Santa Casa de Jaú reduzir cirurgias eletivas
Hospital informa que atende maior fatia do SUS e prioriza atendimento de urgência e internações
O dado mais atualizado da Secretaria de Saúde de Jaú mostra que mais de 1,9 mil pessoas esperam pela realização de cirurgia eletiva na cidade. O procedimento diz respeito a casos sem urgência, como a cirurgia de catarata, por exemplo (veja quadro).
O Comércio ouviu todos os envolvidos nesse processo para saber os motivos pelos quais a fila é extensa. O maior entrave é relacionado à falta de dinheiro, além da transferência de responsabilidades entre um ente e outro.
Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde aponta que a Santa Casa de Jaú, que está sob gestão municipal, é referência para realização de cirurgias eletivas para os 12 municípios da região.
Segundo a pasta, o hospital não estaria cumprindo com suas obrigações. “A Santa Casa deveria realizar, por mês, 85 cirurgias eletivas para moradores de Jaú e região, mas em alguns meses acaba por não realizar procedimento algum, contribuindo para o aumento no tempo de espera dos pacientes eletivos”, afirma a secretaria.
Por sua vez, o hospital jauense alega falta de recursos financeiros para realizar as cirurgias eletivas. A diretora administrativa da Santa Casa de Jaú, Scila Pascoalotte Carretero, diz que a unidade deveria atender a 60% dos pacientes oriundos do Sistema Único de Saúde (SUS), mas atende quase 80%.
Scila reconhece que a Santa Casa não tem cumprido o pactuado com a secretaria estadual, no entanto, relata que a opção foi manter os atendimentos de urgência e emergência e as internações. Conforme a gestora, mensalmente o gasto do hospital fica negativo em R$ 300 mil.
O secretário de Saúde de Jaú, Wagner Brasil de Barros, também culpa a falta de dinheiro para a redução das filas. “Os governos federal e estadual precisam encaminhar recursos para a realização das cirurgias”, diz. “Não tem como o Município arcar sozinho com esse custo.”
Recentemente Jaú pleiteou aproximadamente R$ 200 mil do Ministério da Saúde para cirurgias de catarata. O Município espera liberação do dinheiro.
A pasta estadual menciona outro problema para o aumento das filas para a realização de cirurgias eletivas: a defasagem da tabela de pagamento do SUS, que não cobriria os custos reais dos procedimentos.
O Ministério da Saúde, via assessoria de imprensa, aponta que a responsabilidade pela lista de espera é do gestor local. O órgão alega que há recursos específicos, chamados de teto de média e alta complexidade (MAC), que são destinados a Estados e municípios para todos os procedimentos ambulatoriais e hospitalares.