A taxa de desemprego no Brasil subiu para 12% no trimestre encerrado em dezembro, divulgou o IBGE na manhã desta terça-feira (31).
O dado veio acima do centro de expectativas de economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que esperavam desemprego de 11,9%.
A taxa é a mais elevada já registrada da série histórica da pesquisa, iniciada em 2012. O número de desocupados foi de 12,342 milhões no trimestre encerrado em dezembro, recorde também. Nos três meses até novembro, eram 12,132 milhões de trabalhadores sem emprego.
No quarto trimestre móvel de 2015, a taxa era de 9%. Em um ano, o número de desocupados cresceu em 3,3 milhões, aumento de 36% em relação ao mesmo período de 2015.
"De 2014 para 2016, a desocupação cresceu 74,4%. Esse é o efeito direto da crise que começou a afetar o mercado de trabalho", explicou o coordenador da pesquisa no IBGE, Cimar Azeredo.
O IBGE considera que houve estabilidade no desemprego em relação aos três meses encerrados em setembro, quando a taxa foi de 11,8%. Houve aumento de 300 mil pessoas no número de desocupados no período.
O rendimento médio dos trabalhadores ficou estável nos três meses encerrados em dezembro, em R$ 2.043. De julho a setembro, o número foi de R$ 2.026. No quarto trimestre móvel de 2015, o valor tinha sido de R$ 2.033.
A média de desemprego de 2016 foi de 11,5%, enquanto o rendimento médio dos trabalhadores foi de R$ 2.029 no ano passado.
O trimestre encerrado em dezembro também registrou aumento das pessoas fora da força de trabalho, ou seja, aquelas que têm idade para trabalhar, mas não estão procurando emprego.
No intervalo de um ano, 907 mil pessoas deixaram a força. Parte disso ocorre devido ao chamado desalento, que é quando a pessoa desiste de procurar emprego após muitas tentativas frustradas de se inserir no mercado.
Na passagem dos trimestres, o número caiu. Ou seja, 98 mil pessoas ingressaram na força de trabalho. Dezembro fechou com 64,544 milhões de pessoas nessa condição, alta de 1,4% em relação a igual período de 2015 e queda de 0,2% ante o trimestre imediatamente anterior.
"Houve um movimento de busca por trabalho que acontece normalmente no fim do ano. Mas diante do ambiente econômico, não foram absorvidas todas as pessoas que estavam na fila do desemprego há algum tempo, nem aquelas que pensavam em um oportunidade sazonal", completou Azeredo.
Os dados são da Pnad Contínua, pesquisa divulgada mensalmente, mas cuja coleta de informações é feita em bases trimestrais. Para poder comparar a passagem de um trimestre para o outro, o IBGE considera o trimestre fechado, sem sobreposições de meses. O trimestre imediatamente anterior ao encerrado em dezembro, portanto, é o que termina em setembro.
A pesquisa tem abrangência nacional e foi criada em substituição a PME (Pesquisa Mensal de Emprego), de alcance menor.
FORMALIZAÇÃO
No ano, houve queda de 3,9% no número de postos de trabalho com carteira assinada. Isso significa que menos 1,4 milhão de pessoas deixaram o mercado formal. O país encerrou dezembro com 34 milhões de empregados com carteira.
A população ocupada, que é a que de fato está trabalhando, cresceu 0,5% em relação ao trimestre encerrado em setembro, para 90,3 milhões de pessoas. Em um ano, houve queda de 2,1%, ou 2 milhões de pessoas a menos.
Os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada cresceram 2,4% em relação aos três meses anteriores, o que significa aumento de 248 mil pessoas fora do mercado formal. Em um ano, a alta foi de 4,8%, crescimento de 481 mil pessoas.
A indústria foi o setor que mais perdeu emprego: 955 mil pessoas a menos na comparação com um ano antes. Em seguida vêm construção (-857 mil pessoas) e agricultura (-417 mil pessoas).