O Ministério da Saúde contará com apoio das sociedades médica e civil para combater a sífilis no Brasil. Nesta quinta-feira (20), durante a Reunião Ordinária da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), foi assinada, com 19 associações e conselhos de saúde, uma carta compromisso estabelecendo ações estratégicas para redução da sífilis congênita no País, com prazo previsto de um ano.
O foco é detectar precocemente a doença no início do pré-natal e encaminhar imediato tratamento com penicilina. Na ocasião, também foi apresentada uma campanha publicitária chamando atenção para ações de prevenção da sífilis e o Boletim Epidemiológico com números de casos no País.
Coordenada pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, as ações terão prazo previsto de realização de um ano.
O prazo corresponde ao intervalo entre o Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita, celebrado no terceiro sábado de outubro, e a data do próximo ano.
Estão previstos o incentivo à realização do pré-natal precoce, ainda no primeiro trimestre da gestação; ampliação do diagnóstico (por meio de teste rápido); tratamento oportuno para a gestante e seu parceiro; incentivo à administração de penicilina benzatina, considerada o único medicamento seguro e eficaz na prevenção da sífilis congênita.
Também haverá ações de educação permanente para qualificação de gestores e profissionais de saúde.
“Nosso objetivo é reunir a sociedade no esforço de combate à sífilis. Assim poderemos incentivar a testarem principalmente as grávidas para evitar a transmissão vertical da doença. Trazemos soluções factíveis no compromisso que assinamos hoje”, enfatizou o ministro da saúde, Ricardo Barros.
Diagnóstico fácil
A detecção da sífilis é feita por meio de testes rápidos disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Por isso, o Ministério da Saúde aumentou em mais de quatro vezes a quantidade de testes distribuídos a estados e municípios, passando de 1,1 milhão em 2001 para 6,1 milhões de testes em 2015.
Para as gestantes, a indicação da realização dos testes rápidos é feita já na primeira consulta do pré-natal, daí a importância da conscientização de mães e seus parceiros, para iniciar o pré-natal ainda no primeiro trimestre da gravidez.
“Um grande desafio é o início precoce, já que culturalmente as mulheres tendem a procurar o médico apenas quando a barriga aparece, o que diminui as chances de cura da sífilis para a mãe e facilita a transmissão da doença para o bebê”, explica a diretora do Departamento de HIV, aids e hepatites virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken.
Boletim epidemiológico
Todos os tipos de sífilis – adulto, em gestantes e congênitas (em bebês) são de notificação obrigatória no País há, pelo menos, cinco anos. Segundo dados do Boletim Epidemiológico de 2016, entre os anos de 2014 e 2015, a sífilis adquirida teve um aumento de 32,7%, a sífilis em gestantes 20,9% e congênita, de 19%.
Em 2015, o número total de casos notificados de sífilis adquirida no Brasil foi de 65.878. No mesmo período, a taxa de detecção foi de 42,7 casos por 100 mil habitantes, a maioria homens, 136.835 (60,1%).
Entre 2010 e junho de 2016, foram registrados 227.663 casos de sífilis adquirida.
Em 2015, houve 11,2 casos de sífilis em gestantes a cada 1.000 nascidos vivos, um total de 33.365 casos da doença. Já de janeiro de 2005 a junho de 2016, foram notificados 169.546 casos.
Com relação à sífilis congênita, em bebês, em 2015, foi notificado 19.228 casos da doença, uma taxa de incidência de 6,5 por 1.000 nascidos vivos. De 1998 a junho de 2016, foram notificados 142.961 casos em menores de um ano.
O incremento entre os anos de 2013 e 2014 foi de 26,77% e entre os anos de 2014 e 2015 foi de 20,91% no número absoluto de casos novos diagnosticados.