Finalizando a série de palestras do 18° Encontro Paulista da Saúde, o secretário-geral de la Federación de Associaciones de Trabajadores de la Sanidad Argentina (Fatsa) e presidente do Comitê Executivo Mundial UniCare, da UniGlobal Union, Carlos West Ocampo, fez um panorama da situação da saúde em seu país, dizendo que os problemas são iguais em todo o mundo, o que difere são as formas de buscar soluções.
Ele cita os países da América, como Uruguai, Paraguai, Bolívia, nos quais estão na mesma situação de deficiência de profissionais e instrumentos hospitalares. “A falta de visão, de uma política para formar profissionais da saúde faz com que estejamos longe dos países desenvolvidos”, diz.
Segundo ele, na década de 80, na Argentina, 80% dos trabalhadores da saúde não eram formados. “Como parte da política, começamos a formar auxiliares de enfermagem nas comunidades com curso de um ano e depois fazemos convênio com universidades para que eles recebam o diploma de enfermeiro, com o compromisso de passar um ano na comunidade e passe pelo menos um ano nas comunidades”, diz ele, lembrando que hoje se forma muitos profissionais. “Temos um enfermeiro para cada médico, o que na realidade poderia ser três ou quatro para cada médico.” Outro quadro apresentado pelo sindicalista é que existe três enfermeiros para cada 1.000 habitantes acima de 65 anos.
Há dois anos, de acordo com o sindicalista, foi criada a UniCare e a Uni Cuidados para que a população mais velha e mais pobre tenha melhor qualidade de vida. “Temos que lutar por uma saúde melhor, sem avaliar a condição social, independente dos países, pois eles são nossos irmãos”, reflete.
O palestrante falou também que os governos se preocupam mais é com casos imediatos, aqueles que saem na mídia. “É mais fácil fazer uma obra, construir um hospital do que oferecer cursos de profissionalização, porque a obra sai na mídia, em todos os jornais; fazem obras com todos os equipamentos, mas sem profissionais para manusear os equipamentos. Investir na saúde não sai no jornal”, reflete o sindicalista.
Outro ponto levantado por ele é o avanço da tecnologia, que substitui o trabalhador por equipamentos controlados por computador. “Na área da saúde, os profissionais não podem ser substituídos por robôs, computador. A área da saúde precisa de gente”.
Para finalizar, ele alerta que os sindicatos precisam unir forças, porque os inimigos são os mesmos: melhorar a saúde no mundo. “Em abril (do ano que vem), durante Congresso Nacional dos Trabalhadores na Argentina, precisamos fazer nossa voz ser ouvida e vamos trabalhar para isto”, conclui ele, lembrando que Brasil e Argentina se complementam. “Se o Brasil espirrar aqui, a Argentina pega pneumonia”, brinca.